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terça-feira, 31 de maio de 2016

"A silenciar a América quando ela prepara uma nova guerra"

31.05.2016

Retornando aos Estados Unidos num ano eleitoral, estou impressionado pelo silêncio. Já cobri quatro campanhas presidenciais, a principiar pela de 1968; eu estava com Robert Kennedy quando ele foi alvejado e vi o seu assassino, a preparar-se para matá-lo. Foi um baptismo no estilo americano, juntamente com a violência salivante da polícia de Chicago na convenção amanhada do Partido Democrático. A grande contra-revolução havia começado.

O primeiro a ser assassinado naquele ano, Martin Luther King, ousara ligar o sofrimento dos afro-americanos e o do povo do Vietnã. Quando Janis Joplin cantava, "Liberdade é apenas outra palavra para nada deixar a perder", ela talvez falasse inconscientemente aos milhões de vítimas da América em lugares remotos.

"Perdemos 58 mil jovens soldados no Vietnã e eles morreram a defender a tua liberdade. Agora não os esqueça". Assim dizia um guia do Serviço de Parques Nacionais quando na semana passada filmei o Lincoln Memorial, em Washington. Ele dirigia-se a um grupo escolar de adolescentes em brilhantes t-shirts laranjas. Como que automaticamente, ele inverteu a verdade acerca do Vietnã convertendo-a numa mentira incontestada.

Os milhões de vietnamitas que morreram e foram mutilados e envenenados e desalojados pela invasão americana não têm lugar histórico nas mentes jovens, para não mencionar os estimados 60 mil veteranos que deram cabo das suas próprias vidas. Um amigo meu, um fuzileiro naval (marine) que ficou paraplégico no Vietname, era muitas vezes indagado: "A qual lado se opunha?"

Uns anos atrás comparecei a uma exibição popular chamada "O preço da liberdade" na venerável Smithsonian Institution, em Washington. Às filas de pessoas comuns, sobretudo crianças arrastadas numa caverna santa de revisionismo, era administrada uma vasta variedade de mentiras: o bombardeamento atómico de Hiroshima e Nagasaki salvou "um milhão de vida"; o Iraque foi "libertado [por] ataques aéreos de precisão sem precedentes". O tema era infalivelmente heróico: só americanos pagam o preço da liberdade.

A campanha eleitoral de 2016 é notável não só pela ascensão de Donald Trump e Bernie Sanders como também pela resiliência de um silêncio permanente acerca de um mortífero [estatuto] auto-concedido de divindade. Um terço dos membros das Nações Unidas já sentiu a bota de Washington, derrubando governos, subvertendo democracias, impondo bloqueios e boicotes. A maior parte dos presidentes responsáveis foram liberais –Truman, Kennedy, Johnson, Carter, Clinton, Obama.

O recorde sensacional de perfídia é tão mutante na mente do público, escreveu o falecido Harold Pinter, que ele "nunca aconteceu ... Nada alguma vez aconteceu. Mesmo quando estava a acontecer não estava acontecendo. Isso não importava. Não tinha interesse. Pouco importava...". Pinter exprimia uma admiração simulada pelo que chamava "uma manipulação bastante clínica do poder à escala mundial ao mesmo tempo que era mascarada como uma força para o bem universal. É brilhante, mesmo genial, um acto de hipnose com grande êxito".

Tome-se Obama. Quando ele se prepara para deixar o gabinete, começou outra vez toda a bajulação . Ele é "cool". Como um dos presidentes mais violentos, Obama deu rédea solta ao aparelho de fabricação de guerras do seu desacreditado antecessor. Ele perseguiu mais denunciantes – os que contavam verdades – do que qualquer outro presidente. Ele declarou Chelsea Manning culpada antes de ela ser examinada. Hoje, Obama dirige uma campanha mundial sem precedentes de terrorismo e assassinato através de drones.

Em 2009 Obama prometeu ajudar a "livrar o mundo de armas nucleares" e recebeu o Prémio Nobel da Paz. Nenhum presidente americano construiu mais ogivas nucleares do que Obama. Ele está a "modernizar" o arsenal da America para o juízo final, incluindo uma nova "mini" arma nuclear, cuja dimensão e tecnologia "inteligente", disse um general proeminente, assegura que a sua utilização "já não é mais impensável".

James Bradley, o autor do best-seller Flags of Our Fathers e filho do fuzileiro naval dos EUA que asteou a bandeira sobre Iwo Jima, disse: "Um grande mito que estamos a assistir é esse de Obama como uma espécie de rapaz pacífico que está a tentar livrar-nos de armas nucleares. Ele é o maior belicista nuclear que há. Está a comprometer-nos numa corrida ruinosa de gastos de um milhão de milhões de dólares com mais armas nucleares. De certo modo, as pessoas vivem nesta fantasia de que como ele dá notícias vagas em conferências e discursos e aparece bem em fotografias isso de algum modo está ligado à política real. Não está".

Com Obama, uma segunda guerra fria está a caminho. O presidente russo é um vilão de pantomina; os chineses ainda não estão de volta à sua sinistra caricatura de macacos – quando todos os chineses forem banidos dos Estados Unidos – mas os guerreiros da mídia trabalham para isso.

Nem Hillary Clinton nem Bernie Sanders mencionaram algo disto. Não há risco nem perigo para os Estados Unidos e todo nós; para eles, a maior acumulação militar nas fronteiras da Rússia desde a Segunda Guerra Mundial não aconteceu. No dia 11 de Maio a Roménia aceitou uma base de "defesa de mísseis" da OTAN que aponta mísseis americanos de primeiro ataque ao coração da Rússia, a segunda potência nuclear do mundo.

Na Ásia, o Pentágono está a enviar navios, aviões e forças especiais para as Filipinas a fim de ameaçar a China. Os EUA já cercam a China com centenas de bases militares que se encurvam num arco desde a Austrália até a Ásia e através do Afeganistão. Obama chama a isto um "eixo central" ("pivot").

Como consequência directa, a China confirmadamente mudou sua política de armas nucleares do não-primeiro-uso para o alerta máximo e lançou ao mar submarinos com armas nucleares. A escada rolante está a acelerar.

Foi Hillary Clinton quem, como secretária de Estado em 2010, elevou as reivindicações territoriais que competiam por rochas e recifes no Mar do Sul da China a uma questão internacional. Seguiu-se a histeria da CNN e da BBC. A China estava a construir pistas de pouso nas ilhas disputadas. Num jogo de guerra gigante em 2015, a Operation Talisman Sabre , os EUA e a Austrália experimentaram "engasgar" os Estreitos de Málaca pelos quais passa a maior parte do petróleo e do comércio da China. Isto não foi noticiado.

Clinton declarou que a América tinha um "interesse nacional" naquelas águas. As Filipinas e o Vietnã foram encorajados e subornados para prosseguirem com suas reivindicações e velhas inimizades contra a China. Na América, o povo está a ser intoxicado a fim de encarar qualquer posição defensiva chinesa como ofensiva e, assim, o terreno fica preparado para uma escalada rápida. Uma estratégia semelhante de provocação e propaganda é aplicada à Rússia.

Clinton, a "candidata das mulheres", deixa um rastro de golpes sangrentos:   nas Honduras, na Líbia (mais o assassínio do presidente líbio) e na Ucrânia. Este último é agora um parque de diversões da CIA enxameado de nazis e a linha de frente de uma acenada guerra com a Rússia. Foi através da Ucrânia – literalmente, terra de fronteira – que os nazis de Hitler invadiram a União Soviética, a qual perdeu 27 milhões de pessoas. Esta catástrofe gigantesca permanece presente na Rússia. A campanha presidencial de Clinton tem recebido dinheiro de todas excepto uma das dez maiores companhias de armamento do mundo. Nenhum outro candidato se aproxima.

Sanders, a esperança de muitos jovens americanos, não é muito diferente de Clinton na sua visão de proprietário do mundo para além dos Estados Unidos. Ele apoiou o bombardeamento ilegal da Sérvia promovido por Clinton. Ele apoiou o terrorismo de Obama com drones, a provocação da Rússia e o retorno de forças especiais (esquadrões da morte) ao Iraque. Ele nada tem a dizer sobre os tambores de guerra com ameaças à China e quanto ao agravamento do risco de guerra nuclear. Ele concorda em que Edward Snowden deveria ser submetido a julgamento e chama Hugo Chavez – um social-democrata, como ele – de "ditador comunista morto". Ele promete apoiar Clinton se esta for nomeada.

A eleição de Trump ou de Clinton é a velha ilusão da escolha que não é escolha:   dois lados da mesma moeda. Transformando minorias em bodes espiatórios e prometendo "tornar a América grande outra vez", Trump acaba por ser um populista interno de extrema direita; mas o perigo da Clinton pode ser mais letal para o mundo.

"Só Donald Trump não disse nada de significativo e crítico acerca da política externa dos EUA", escreveu Stephen Cohen , professor emérito de História Russa nas Universidades de Princeton e Nova York, um dos poucos peritos em Rússia nos Estados Unidos a falar acerca do risco de guerra.

Numa entrevista à rádio, Cohen referiu-se a questões críticas que só Trump levantou. Dentre elas:   por que os Estados Unidos estão "por toda a parte do globo"? O que é a verdadeira missão da OTAN? Por que os EUA procuram sempre mudanças de regime no Iraque, Síria, Líbia, Ucrânia? Por que Washington trata a Rússia e Vladimir Putin como inimigos?

A histeria nos media liberais acerca de Trump serve a uma ilusão de "debate livre e aberto" e de "democracia a funcionar". Suas visões sobre imigrantes e muçulmanos são grotescas, mas o deportador-chefe de pessoas vulneráveis da América não é Trump e sim Obama, cujo legado é a traição às pessoas da sua cor:   basta ver a acumulação nas prisões de uma população principalmente negra, agora mais numerosa do que no gulag de Stalin.

Esta campanha presidencial pode não ser acerca do populismo mas sim do liberalismo americano, uma ideologia que se vê a si própria como moderna e portanto superior e o único caminho consagrado. Aqueles à sua direita comportam-se como os cristãos imperialistas do século XIX, com um dever divino de converter ou cooptar ou conquistar.

Na Grã-Bretanha, isto é o blairismo. O criminoso de guerra cristão Tony Blair avançou com a sua preparação secreta para a invasão do Iraque em grande medida porque a classe política e os media liberais caíram no seu "orgulho britânico" ("cool Britannia"). No Guardian, o aplauso era ensurdecedor; ele foi chamado de "místico". Uma ilusão conhecida como política de identidade, importada dos Estados Unidos, acomodou-se facilmente aos seus cuidados.

A história foi declarada ultrapassada, a classe foi abolida e o género promovido como feminismo; montes de mulheres tornaram-se deputadas do New Labour. Desde o primeiro dia no Parlamento elas votaram pelo corte de benefícios a pais solteiros, sobretudo mulheres, como lhes foi instruído. A maioria votou por uma invasão que provocou 700 mil viúvas iraquianas.

O equivalente nos EUA são os politicamente correctos belicistas do New York Times, Washington Post e redes de TV que dominam o debate político. Era claro, disseram eles, que a um homem como aquele não podia ser confiada a Casa Branca. Nenhumas questões foram levantadas. Nada acerca dos 80 por cento de americanos cujo rendimento colapsou para os níveis da década de 1970. Nada sobre a deriva para a guerra. A sabedoria corrente parece ser "cuide do seu nariz" e vote por Clinton: qualquer um excepto Trump. Desse modo, você trava o monstro e preserva um sistema que silencia [a preparação de] uma nova guerra.


por John Pilger

sábado, 28 de maio de 2016

RT (Rússia) Golpe foi para roubar o pré-sal do Brasil

25/5/2016 18:44
Não foi "contra corrupção'' diz o jornal russo, foi para tomar o pré sal do Brasil

















Haneul Na’avi
Tradução: Lia Drumond

Original Aqui


O impeachment de Dilma Rousseff foi motivado por seus esforços para contornar a dominância do dólar americano através do comércio com o Irã, em vez de as alegações contínuas de corrupção, a hipótese é de Haneul Na'avi, analista independente. Nos tempos antigos, comunidades colocariam seus pecados nas costas de um al-Azazel, ou bode expiatório, e lançaria-o ao deserto para morrer. Isso foi feito a cada ano, a fim de angariar favoritismo aos olhos de Deus e garantir uma colheita abundante. Da mesma forma ritualística, o governo interino do Brasil escolheu honrar esta tradição às custas do consentimento dos governados.
A presidenta afastada e líder do Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Rousseff, aguarda um processo de impeachment produzido apesar da contrariedade do Presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, que ordenou a sua anulação. Um Congresso desafiador jogou todo o seu peso às portas dos Tribunais Superiores de Brasília com queimas de oferendas pela sua carreira política; com a esperança de que do sacrifício dela vá nascer um Dark Age neocolonial. Mãos são apertadas, elas aguardam as bênçãos da Chevron, Royal Dutch Shell, e do Departamento de Estado dos EUA para afirmar as suas convicções.
O líder do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), iniciador golpe e presidente interino Michel Temer desejou vender Rousseff por suas 30 moedas de prata, de acordo com WikiLeaks, e apesar dos pecados intermináveis permeando o Poder Legislativo do Brasil, a grande mídia empenhou seus erros financeiros pela traição, obscurecendo completamente a visão geral. "Dilma Rousseff não foi acusado de qualquer impropriedade financeira. No entanto, 318 membros do Congresso brasileiro, incluindo muitos que apoiaram o impeachment, estão sob investigação ou são acusados", Democracy Now destaca.
As subcorrentes do golpe fluem diretamente da Petrobras, a empresa estatal de petróleo do Brasil, atualmente sob fogo depois da Operação Lava Jata, que desenterrou vários escândalos de corrupção em massa em 2014, e a roubalheira multi-partidária viu Rousseff herdar a dívida de 130 bilhões de dólares da empresa. Felizmente, para proteger a moeda nacional do país, o real brasileiro, a Petrobras inteligentemente manteve a sua dívida em dólares americanos para uma fácil conversibilidade em títulos, mantendo a receita em reais. "[...] 80 por cento das dívidas da empresa são denominados em dólar, mas grande parte de sua receita vem da venda de combustíveis no mercado interno em reais", afirmou um artigo da Energy Fuse. Infelizmente, no ano passado o dólar se fortaleceu e flutuou, o que inflamou peso da dívida do país. "Inflado por um dólar mais forte, a dívida bruta da Petrobras aumentou para 799.25 bilhões de reais [US $ 223 bilhões] no final de 2015 [...] mesmo que a empresa tenha reduzido as despesas de investimento e passado os últimos seis meses do ano, tentando - com sucesso limitado - vender ativos ", afirma MarketWatch. Uma combinação de enfraquecimento das taxas de câmbio, o alto fornecimento global de petróleo e queda da demanda doméstica, fez pouco para parar as hemorragias de receitas da Petrobras no meio do escândalo de corrupção.
A expansão no fornecimento global foi atribuída às negociações fracassadas da OPEP com a Arábia Saudita, líder indiscutível do cartel, depois que ela infantilmente respondeu a "revolução óleo de xisto" da América do Norte com uma superabundância de petróleo que desnecessariamente encolheu receitas globais para mínimos históricos e ameaçou a Petrobras limitando taxas de produção a 2,7 BPD (barril por dia). Dada a escassez de recursos, a empresa foi forçada a vender ativos para evitar o aparecimento da doença holandesa* inversa. "Se os preços do petróleo permanecerem baixos, eu não estou muito esperançoso," disse Fabio Fuzette, da Antares Capital. Com a dívida aumentando em dólares americanos e lucros caindo em reais, a Petrobras viu-se à mercê do petrodólar. O relatório Q4 da empresa refletiu perdas escalonadas, em que os preços de mercado tinham "diminuido 49,6 por cento em relação ao ano anterior, para US $ 33,50 por barril," destaca Zack's Research. Isso foi agravado pelo rebaixamento anterior da Moody ao status de "lixo", o que "balançou ações e moeda do país, com [...] o real caindo 1,3 por cento." o grupo também descobriu.
Outro artigo da Energy Fuse também revelou crescentes crises internas de combates entre o governo e os investidores privados após a descoberta das reservas de extração do pré-sal em 2007. "A reforma de 2010, sob o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, requer que a Petrobras seja a operadora única em todos os campos do pré-sal, com uma participação mínima de 30 por cento, limitando severamente o investimento privado nessas áreas." Para protegê-los contra a exploração corporativa, a liderança do Partido dos Trabalhadores ordenou isto para proteger programas de assistência atuais e futuros, mas ainda precisava de empréstimos do Banco Central do Brasil. Empréstimos também subsidiaram fortemente custos de gasolina para os consumidores domésticos usando o banco estatal. "A Petrobras não foi autorizado pelo governo a repassar os custos mais altos de insumos para seus consumidores finais e a empresa teve de vender a gasolina, diesel e outros derivados do petróleo refinado no Brasil com um desconto acentuado como os preços internacionais", explica um artigo da Alpha Seeking.
Isso explica o desfalque galopante e congelamento vergonhoso do banco central das taxas Selic em 14,25 por cento. Recentemente, Temer substituiu a liderança do banco por Ilan Goldfein, amigo do FMI/Banco Mundial, para limitar empréstimos para todos os programas financiados pelo Estado e impor regras de austeridade.
Cabeças também começaram a rolar na Pemex, equivalente do México a Petrobras , a quem o Brasil se uniu através de maior acordo comercial da América Latina, dando um grande golpe nos planos de reforma de energia do continente. "Emilio Lozoya (CEO da Pemex) perdeu seu emprego em fevereiro, depois de não conseguir parar um declínio de produção, apesar de alavancagem pesada." Como resultado, Rousseff foi forçada a continuar a venda de ativos da Petrobras, mas continuou a subsidiar os custos do petróleo com dinheiro emprestado. Este foi um erro, mas não um crime.
Para preparar um motivo, a derrubada foi pré-planejada de maneira profissional. Um relatório da Folha de São Paulo contendo gravações que vazaram confirmou o momento crucial em que os aliados de Temer tomaram suas posições semanas antes do golpe. Nele, o ministro do Planejamento Romero Juca e o ex-presidente da Transperto, Sergio Machado, comentou que eles queriam "estancar o sangramento" nas finanças da Petrobras; um casus belli para formar um pacto nacional com Temer como presidente interino. "Eu acho que nós precisamos articular uma ação política", disse Jucá para Machado. Jucá, desde então, deixou o cargo em resposta ao vazamento.
No entanto, foi a nova metodologia (de Dilma) para reduzir a dívida da empresa que foi a última gota. Reuters ressaltou que, após sua suspenção de sanções contra o Irã em janeiro, os dois países se encontraram nos bastidores antes da cúpula da OPEP de 17 de abril, em Doha, para discutir oportunidades de negócios lucrativos e acordos bilaterais. "[Ministro do Comércio Armando] Monteiro disse que o Brasil tem o objetivo de triplicar o comércio com o Irã para US$ 5 bilhões até 2019" e que "Rousseff suspendeu as sanções impostas pelas Nações Unidas contra a nação da OPEP na semana passada depois de se reunir com o embaixador iraniano, [...] apesar das tensões com a Ocidente ", Reuters continuou. Este negócio foi feito em "euros e outras moedas", não em dólares, e se encaixam perfeitamente com o Plano de Gestão e Negócios da Petrobras de 2015-2019. Além disso, o alinhamento recente do Brasil com a Venezuela, membro da UNASUL e da Opep, também encorajou Rousseff a buscar novas parcerias.
Com o aumento das consequências da conta entre a Arábia Saudita e os EUA sobre o 11 de Setembro, juntamente com resultados embaraçosos da cúpula de Doha, o plano de Rousseff tornou-se uma dor de cabeça extra para o governo. No meio de todo um hostil apontar de dedos, ela estava de fato a dar passos genuínos para corrigir a má gestão da empresa usando as negociações P5+1 como um trampolim para a cooperação. "As relações entre Brasil e Irã [...] experimentaram um novo impulso no contexto da implementação do Plano Conjunto Integrado de Ação (JCPoA) em janeiro passado e do levantamento das sanções internacionais contra o Irã", citou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Isso é precisamente o que levou ao desesperado golpe político, que ocorreu um dia depois (12 de Abril) da reunião do Brasil com o Irã - o Congresso votou durante a cúpula da OPEP após uma ausência do Irã confirmar isso. Washington entrou em pânico ao pensar em pôr em perigo a dominação do petrodólar e perder o controle das parcerias do Irã após-sanção. Até a Reuters percebeu esta ameaça, dando voz "... embora não seja claro se qualquer tentativa de contornar o sistema financeiro dos EUA poderia aumentar as tensões com Washington, o governo de esquerda do Brasil no passado já irritou os Estados Unidos por se aproximar de Teerã."
Aparentemente, ele o fez (irritou os EUA), e os planos do Brasil para a reforma, eventualmente, foi diametralmente oposta às futuras ambições de Washington para o Irã, acionando os ativos da CIA no Congresso Nacional para derrubar Rousseff. Com seu impeachment em andamento, os especuladores estavam praticamente delirando com a possibilidade de arrecadar lucros para o setor privado. "Moeda do Brasil subiu 1,7 por cento, para 3,6262 por dólar mais cedo hoje sobre a especulação elevada de que a presidente Dilma Rousseff está em fase de impeachment", TheStreet regozijou-se.
Inexoravelmente, Temer optou por enormes cortes orçamentários e de departamento, em vez de continuar com a trajetória socialista de Dilma, ameaçando a autonomia de longo prazo do Brasil com lucros míopes e ainda mais dependência do dólar. Além disso, a nomeação de novo Ministro das Relações Exteriores, José Serra, também representa uma séria ameaça para a aliança do BRICS, afastando-se de uma estratégia clara e holística. "As relações com novos parceiros na Ásia, especialmente na China [...] e na Índia, serão uma prioridade", expressou Serra, insinuando que, armado com novas reservas de campos do pré-sal, pode não honrar laços com a Rússia.
Além disso, Temer também substituiu presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, por Pedro Parente, outro favorito da elite financeira dos EUA, que era "anteriormente o principal executivo da unidade brasileira da gigante do agronegócio US Bunge Ltd. e atualmente presidente do operador do mercado de ações da BM&FBovespa SA" MarketWatch explicou.
É importante reconhecer que os benefícios da "liderança" atual do Brasil beneficia tanto o império americano quanto capitalistas brasileiros. No lado dos EUA, a dívida brasileira continua sob o dólar norte-americano, e o presidente dos EUA, Barack Obama pode manter a tradição da CIA de apoiar a "oposição moderada" em todo o mundo, a fim de sufocar a democracia e saquear mercados estrangeiros. Enquanto os terroristas do Brasil não estão cortando cabeças, eles estão cortando orçamentos; sangranda até secar a frágil democracia do Brasil, e durante os próximos 180 dias, isso vai refletir na vontade do povo enquanto eles tomam as ruas para lutar contra este governo fantoche. Temer não poderia ter escolhido um momento melhor, com os Jogos Olímpicos verão ele e seus apoiadores persistentemente humilhados por meio de uma organização arrebatadora das massas; desde a base até o Altíssimo, até milagrosa ressurreição da presidente Dilma Rousseff.

domingo, 22 de maio de 2016

Governo chinês define cronograma para reformar suas gigantes estatais

22.05.2016 | Fonte de informações: 

Pravda.ru


PEQUIM - Fechar "empresas zumbis", resolver os problemas que se criem para os trabalhadores afetados e podar as empresas laterais que invadam as competências das empresas estatais de administração centralizada, são algumas das medidas que o governo chinês introduzirá nos próximos 2-3 anos, para aprofundar a reforma daquelas importantes organizações.


A decisão foi revelada durante uma reunião executiva do Comitê do Estado presidida pelo premiê Li Keqiang, ontem, quarta-feira.

"Empresas estatais de administração centralizada desempenharam papel indispensável para o desenvolvimento social e econômico da China e temos de lhes garantir todo o mérito quanto a isso" - disse Li. - "Mas essas empresas também enfrentam problemas cruciais. Agora temos de enfrentá-los passo a passo, o que significa, em essência, aprofundar a reforma das empresas estatais chinesas."

A maioria das 106 empresas estatais chinesas operam em setores cruciais para o desenvolvimento social e econômico do país, como telecomunicações e energia.

Os principais problemas dessas empresas de administração centralizada incluem fragilidades no exercício da atividade-fim, excesso de empresas paralelas concorrentes, baixa eficiência e escalões de administração e gerência em número excessivo.

O excesso de escalões hierárquicos e a redundância que persiste nas estatais chinesas são também parte dos motivos pelos quais nunca foi fácil fazer avançar as reformas, sempre adiadas ao longo dos anos.

Apesar das dificuldades, Li reiterou já em várias ocasiões a disposição do governo para levar a cabo as reformas necessárias, falando da determinação em termos de "um bravo guerreiro, que corta a própria mão, para salvar o corpo" - porque não há dúvidas de que as reformas afetaram interesses de alguns.

Na reunião da 4ª-feira ficou decidido que 345 "empresas zumbis", todas subsidiárias das 106 estatais, serão reorganizadas ou entregues ao mercado dentro dos próximos três anos.

Das estatais, espera-se que reduzam os escalões de gerência para menos de 3 ou 4, dos 5 a 9 que há hoje, e que cortem 20% das suas entidades legais subsidiárias no prazo de três anos.

O governo também planeja reduzir as perdas que se verificaram nas subsidiárias das estatais em cerca de 30%,  e aumentar os lucros das estatais em mais de 100 bilhões de yuan (15,3 bilhões de dólares norte-americanos) até o final de 2017.

Enquanto isso, o governo cortará em 10%, em 2016, a capacidade de carvão e aço destinada às estatais; e outros 10% de redução, em 2017. Carvão, ferro e aço estão entre os setores chaves, no esforço para reduzir o excesso de oferta.

Na reunião da 4ª-feira, Li mais uma vez destacou que as estatais chinesas precisam "perder peso e entrar em forma", ideia que o premiê chinês apresentou no plano de trabalho do governo para esse ano.

A reforma das gigantes estatais em geral é a maior tarefa prevista para ser executada pelo governo no planejamento desse ano, que o premiê distribuiu em março. Destacou que o governo se empenhará muito para alcançar pleno sucesso na reforma e aprimoramento das estatais, garantindo que o ajuste estrutural será feito de modo a promover a inovação, a reorganização e a reforma na gestão de pessoal das mesmas estatais.

"Promover melhor governança é vitalmente importante para as empresas estatais chinesas. É indispensável que se concentrem na atividade-fim e que melhorem a qualidade do que produzem. Essa será tratada como a principal missão das empresas estatais chinesas" - disse Li durante a reunião de 4ª-feira, acrescentando que não devem ser alocados muitos recursos nos negócios derivados da operação das estatais, nos quais o setor privado tem em geral maior presença.

O novo plano estimula a reorganização interna das estatais chinesas e a otimização da alocação de recursos. Capitais sociais são estimulados a participar e a apoiar a restruturação das estatais.

O novo plano também convoca as estatais a "crescerem e fortalecerem-se mediante a inovação" e a investirem mais em pesquisa e desenvolvimento.*****

20/5/2016, Xinhuanet, Pequim (editorial) xhne.ws/zdp6o

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domingo, 8 de maio de 2016

PAPEIS DO PANAMÁ: Mãos da CIA?


Panama Papers
Denúncias documentais de Snowden e Assange – caçados pelo regime dos EUA e seus fantoches internacionais – envolvendo crimes
de guerra e o sujo jogo político norte-americano e global, esquecidas pela mídia, têm no mínimo tanta importância quanto as revelações
de Papeis financiados por Washington. Contudo, ambos os lados estão quilometricamente distantes em termos de transparência. Que há
de errado em toda esta desproporção? Muita coisa, e o próprio WikiLeaks prova isso, documentalmente como sempre.”Se a quantidade de dados divulgado por WikiLeaks foi equivalente à população de San Francisco, a quantidade de dados divulgados nos documentos de Panamá é o equivalente ao da Índia”, informou a BBC de Londres em 5 de abril, um dia depois do vazamento dos Papeis do Panamá.
Já a NBC News, em 6 de abril reportava que “mais de 21 trilhões em riqueza global estão escondidos detrás de empresas de fachada, em grande parte não rastreáveis tais como aquelas expostas nos documentos do Panamá, de acordo com o grupo de vigilância (watchdog)Financial Accountability and Corporate Transparency Coalition“.
11,5 milhões de documentos confidenciais revelam como os ricos e poderosos utilizaram-se de paraísos fiscais para ocultar riqueza originária de negócios sujos, de lavagem de dinheiro e de esquemas de evasão fiscal envolvendo celebridades, atletas, altos empresários, chefes de Estado e de governo, políticos em geral e seus familiares, entre o período que se estende de 1977 a fins de 2015. Ao todo, estão envolvidos 12 chefes de Estado e 60 ex-chefes de Estado, além de um total de 140 políticos de 50 países do mundo.
Há mais de um ano, uma fonte anônima contactou o jornal alemão Süddeutsche Zeitung (SZ), da cidade de Munique, e enviou documentos internos criptografados do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca. A fonte não solicitava compensação financeira e nem qualquer outra coisa em troca. Até agora, ninguém sabe quem é tal fonte que revela milhares de envolvidos no paraíso fiscal panamenho.
Os mais de 11 milhões de documentos, investigados por mais de cem jornalistas de diversas nacionalidades desde que chegaram ao diário alemão, acabaram posteriormente enviados ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (The International Consortium of Investigative Journalists, ICIJ).
O jornal SZ relatou que “a revelação vem provar como uma indústria global liderada por grandes bancos, por escritórios de advocacia e por empresas de gestão de ativos secretamente administram as propriedades do mundo rico e famoso: políticos, funcionários da FIFA, fraudadores e contrabandistas de drogas, de celebridades e atletas profissionais” (artigo About the Panama Papers, em Sueddeutsche.de).
A importância dessas revelações é indiscutível. Contudo, muita dubiedade ainda paira no ar tanto quanto diversas “coincidências” que, somadas a determinadas evidências, levam a óbvias conclusões fazendo com que o destino de Papeis do Panamá torne-se bastante previsível, dado o atual cenário.
Mossack Fonseca
Mossack Fonseca (MF) é uma das maiores criadoras de “empresas de fachada”, isto é, grupos empresariais que podem ser utilizados a fim de esconder os verdadeiros possuidores de diversos ativos. Tais empresas permitem que seus proprietários ocultem os negócios, não importando o quanto sejam obscuros.Seus proprietários, o alemão Jürgen Mossack e o panamenho Ramón Fonseca Mora, ambos advogados, diante da repercussão dos Papeis do Panamá defendem-se argumentando que não podem se responsabilizar pela conduta e pelas ações de seus clientes.
O pai de Jürgen, Erhard Mossack, prestou serviços à comunidade de Inteligência norte-americana a fim de espionar Cuba. Foi exatamente esta atividade de espionagem que levou a família ao Panamá. Antes disso, Erhard havia servido às Waffen-SS nazista na II Guerra Mundial.
Já Ramón Fonseca Mora, além de jurista é também político: ex-ministro do atual presidente panamenho Juan Carlos Varela, ele também presidiu o Partido Panameñista até março deste ano, quando acabou demitido devido às investigações da Operação Lava Jato no Brasil. Fonseca é acusado de possuir ligação com envolvidos na lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras.
A MF tem declarado que considera que a ação dos mais de cem jornalistas viola a lei. “Isso é crime”, disse Fonseca nesta semana, em entrevista por telefone à Agence France-Presse (AFP, agência de notícias francesa). A empresa afirma ainda que tem operado acima de qualquer suspeita há 40 anos, sem nunca ter sido acusada de nenhuma irregularidade.
Principais Envolvidos
O primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur Davíð Gunnlaugsson;O rei da Arábia Saudita, Abdalá bin Abdelaziz al Saud;
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, e junto seu pai, Franco, e seu irmão, Mariano, diretores da sociedade Fleg Trading Ltd. Registrada nas Ilhas Bahamas entre 1998 e 2009, ao ser eleito governador de Buenos Aires em 2007 o atual presidente da Argentina não incluiu na declaração juramentada seus vínculos com a sociedade;
O pai do primeiro-ministro britânico, David Cameron (quem se atrapalhou em entrevista à TV inglesa logo após as denúncias, primeiro negando possuir conta no paraíso fiscal panamenho, para posteriormente reconhecê-la tentando se eximir de culpa, o que pegou muito mal perante a opinião pública);
O presidente ucraniano, Piotr Poroshenko;
O ex-presidente da UEFA, o francês Michel Platini;
O jogador de futebol argentino, Lionel Messi.
O cineasta espanhol Pedro Almodóvar;
A tia do atual rei da Espanha, Pilar de Borbón;
Um amigo do presidente da Rússia, Vladimir Putin: segundo registros do ICIJ, Sergei Roldugin, amigo de infância do presidente russo, está listado como proprietário de empresas offshore que obtiveram pagamentos de outras companhias, no valor de dezenas de milhões de dólares.
Também foi revelado que 1 bilhão de dólares, suspeitos de lavagem de dinheiro, foi depositado pelo banco russo Bank Rossiya, sancionada pelos EUA e pela União Europeia após a anexação da Crimeia pela Federação Russa;
Empresas offshore ligadas à família do presidente da China, Xi Jinping;
Primos do presidente sírio, Bashar al-Assad;
“Homens de confiança” do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas;
33 pessoas e empresas na “lista negra” do governo dos EUA por negócios com barões da droga mexicanos (segundo Washington);
Organizações de resistência e libertação nacional consideradas terroristas pelos EUA, tais como o libanês Hezbollah além de nações consideradas por Washington como pertencentes ao Eixo do Mal, como a Coreia do Norte.
Mãos da CIA?
O jornal de Munique que repassou ao ICIJ os milhões de Papeis situa-se a centro-direita no espectro político, mantendo firme posição pró-OTAN. O SZ colabora com os britânico The Guardian e BBC, com o francês Le Monde, todos de centro-direita. Certa vez, determinado jornalista mencionou na revista alemã Der Spiegel: na Europa, todo grande meio de comunicação possui “jornalista” que faz as vezes de agente da CIA.Quanto ao ICIJ, está longe de ser um veículo de informação independente. Seu próprio sítio na Internet revela as tão poderosas quanto nada democráticas fundações e organizações promotoras de “revoluções coloridas” (como no caso de Brasil, Venezuela, Ucrânia, Síria, Líbia, Egito etc) que o financiam e trabalham intimamente com o Departamento de Estado norte-americano, há muito tempo, a fim de destabilizar nações, sabotar e derrubar governos com o fim de atender aos interesses geoestratégicos dos Estados Unidos e da OTAN.
Uma investigação de 1976 por parte do Congresso EUA, revelou que quase 50% das 700 doações à área de atuação das atividades internacionais das principais fundações do país, foram financiados pela CIA (mencionado em Who Paid the Piper? The CIA and the Cultural Cold War, Frances Stonor Saunders, Granta Books, 1999, pp. 134-135; este livro foi revisto e resenhado pelo jornalista norte-americano James Petras, e pode ser lido através desta ligação).
De acordo um ex-agente da CIA, a colaboração das “respeitáveis e prestigiosas” fundações permitiram que a agência de espionagem financiasse “um número aparentemente ilimitada de programas de ação secreta, que afetam grupos de jovens, sindicatos, universidades, editoras e outras instituições privadas” (ibidem, p. 135). A última incluiu grupos de”direitos humanos” que nasceram nos anos de 1950 e existem até hoje.
No sítio do ICIJ, na seção About (Sobre), podem ser vistos os parceiros do Consórcio, em tese jornalístico, sob o título Our supporters(Nossos apoiantes). Entre seus mantenedores, estão nada menos que:
Open Society Foundations (OSF) de George Soros, magnata inescrupuloso e um dos maiores lobistas do sujo jogo político dos EUA. As OSF trabalham em parceria com o Departamento de Estado dos EUA e com a USAID, e colaboram com Washington na “Guerra contra as Drogas” especialmente na América Latina: tal qual a “Guerra ao Terror” no Oriente Médio, na região historicamente considerada pelos EUA seu quintal traseiro, serve como pretexto para a expansão de bases militares e para cumprir a agenda econômica e política coercitivo-expansionista norte-americana.
Além disso, as OSF têm estado envolvidas com a campanha dos EUA na “Revolução Colorida”, por trás da turbulência em Kiev. Esta reportagem do jornal The Guardian comprova o envolvimento do regime de Washington na Ucrãnia.
The Ford Foundation (FF), considerada pela CIA “o melhor e mais plausível tipo de financiamento encoberto” (Who Paid the Piper?). As ligações da FF com a CIA remontam ao início das atividades da maior agência secreta dos EUA: segundo o mesmo Petras, a fim de “fortalecer a hegemonia cultural e imperial dos EUA, além de minar políticas de esquerda e sua influência cultural (The Ford Foundation and the CIA, no sítio canadense Global Research).
Conforme observado por este autor em WikiLeaks Revela que ‘Panamá Papers’ Foi Financiado pelos EUA, a FF, ONG de fachada da CIA é mantenedora do programa Observatório da Imprensa. Não por mera coincidência, seu editor-chefe, Alberto Dines, é assumidamente sionista e foi o maior promotor do golpe militar de 1964, quando escrevia para o Jornal do Brasil do Rio de Janeiro.
O mais revelador, porém, encontra-se na página do Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), organização parceira do ICIJ e cujo sítio é o divulgador dos Papeis do Panamá. O OCCRP mostra, ao final da páginaWho Supports Our Work(Quem Sustenta Nosso Trabalho): entre as organizações que sustentam o OCCRP estão novamente a de George Soros, e a USAID.
A USAID, considerada pela mídia gorda mundial, especialmente a brasileira como uma organização benevolente, tem participado de diversas atividades de desestabilização, sabotagens, golpes e assassinatos ao se infiltrar como organização de promoção da democracia e “ajuda humanitária” nos quatro cantos do planeta.
Nada mais que outra ONG “laranja” da CIA, é a USAID quem tem desestabilizado, arquitetado e financiado tentativas de golpe e de magnicídio nos países progressistas latino-americanos, bem como financiou o próprio golpe militar no Brasil em 1964. A ligação do Departamento de Estado dos EUA com a USAID é comprovado no próprio sítio do regime norte-americano.
Ali, lê-se em referência à USAID: “Uma imprensa pluralista e independente é crucial para garantir governos responsáveis e a democracia sustentável em todo o mundo”, o que é risível em se tratando de Estados Unidos. Pois exatamente essa é a tática, como se dá noObservatório da Imprensa do Brasil, por exemplo: proporcionar aspecto democrático e de fiscal do trabalho alheio sem, contudo, jamais tocar nas feridas enquanto promove os interesses políticos e econômicos dos EUA e de seus aliados.
Os Papeis em Contexto
Quanto aos Papeis do Panamá em si, pelo simples fato de que um governo, qualquer que seja ele, tenha financiado tal liberação já o torna suspeito por si só. Levando-se em consideração que o regime em questão nada mais é o de Washington, cujas “políticas” e “excessos” desde o pós-II Guerra Mundial quando se consagrou como único Estado na história a lançar bombas atômicas arrasando Hiroshima e Nagasaki, e que até os dias de hoje patrocinam os maiores crimes de sabotagens, golpes e crimes de lesa-humanidade, já é um fato mais que suficiente para lançar profundo alerta.Pois quando se depara com o fato de que nenhum político ou empresário norte-americano e nem de seu principal aliado, exatamente o Estado de Israel que igualmente tem cometido crimes de lesa-humanidade contra os palestinos – apoiado por Washington e condenado internacionalmente -, já torna desnecessário dizer qualquer coisa.
Outros importantes aliados dos EUA cujos governantes não constam são os estados policialescos de França, Espanha, Colômbia (maior parceira na região mais rica em biodiversidade do planeta, histórico palco de obsessão norte-americana), além de líderes de países-membro da OTAN. Chamam profundamente a atenção tais ausências por serem aliadas de Washington.
Imaginar também que os especuladores de Wall Street e as megacorporações com seus respectivos bilionários magnatas ocidentais não estão envolvidos em lavagem de dinheiro no Panamá seria, no mínimo, muito ingênuo. Mas nenhum deles se inclui na lista – ou, ao menos, não se tem notícia de que constem entre os Papeis.
Enquanto isso, líderes que não possuem vínculo direto com os Papeis, tais como Putin e Al-Assad, têm sido bombardeados pela mídia internacional, especialista em realizar pré-julgamentos e em ditar a opinião pública.
A este respeito, o porta-voz da Rússia, Dimitri Peskov, acrescentou que as publicações não continham nada de concreto ou de novo sobre Putin, e disse que “esta ‘putinofobia’ no exterior chegou a tal ponto que se torno, de fato, um tabu dizer qualquer coisa boa sobre a Rússia, sobre qualquer medida ou realização russa. Parece ser obrigação dizer coisas ruins, muitas coisas ruins e, quando não há nada a dizer, inventar”
Ofuscar o efeito positivo causado pelo progresso da Rússia na Síria seria um dos objetivos do ataque contra Putin, disse Peskov.
Pois este é outro fato que pode, muito bem, ser caracterizado como sintomático nesta liberação de documentos: a importância que a mídia gorda internacional (muito peso, pouco conteúdo) dá ao fato de que papeis (jamais exibidos publicamente) incriminam um amigo de Putin, enfatizando “amizade de longa-data”.
Neste sentido, a reportagem da BBC de Londres logo após as revelações, é grande evidência cuja reportagem Panama Papers: Mossack Fonseca Leak Reveals Elite’s Tax Havens reporta “Conexão Russa” no inter-título, passando a ideia de que a Rússia como um todo ou o governo russo está envolvido, e não personagens isolados como apontam os supostos documentos. Tal abordagem se difere radicalmente das reportagens do alto-empresariado e dos altos escalões do regime de Washington envolvidos em escândalos de corrupção e em práticas terroristas, o que revela uma vez mais o caráter tendencioso, acentuadamente anti-russo da grande mídia ocidental.
Portanto, envolvendo os Papeis do Panamá, assim como ocorre com outros líderes internacionais odiados pelos EUA, os presidentes russo e sírio têm sido declarados culpados por “associação” a determinados indivíduos (seu amigo de infância), não por eles mesmo terem lavado dinheiro. E este “crime por associação” tem sido sentenciado pelos principais meios ocidentais.
Se não bastassem todas essas conexões que fazem perfeito sentido de que há algo errado – documentos faltando e/ou sobrando entre tal papelada -, WikiLeaks veio a público imediatamente após a divulgação dos Papeis do Panamá afirmando que eles foram financiados por Washington.
E que se tenha em mente, especialmente entre os mais céticos que relutam em encarar a verdade dos fatos que confronta o mundo invertido imposto pela mídia ocidental, pró-Washington: a própria Casa Branca acabou, sem saída pois a organização de Julian Assange sempre apresenta documentos para sustentar suas afirmações, reconhece o referido financiamento. Contudo, o motivo apresentado por Washington foge completamente à sua regra: cooperação com o jornalismo e com o combate ao crime internacional de lavagem de dinheiro.
Lembremos aqui que não apenas os golpes militares na América Latina patrocinados por Washington e o escândalo conhecido como Irã-Contras que veio à tona em 1986 envolvendo o então presidente Ronald Reagan se deram através de lavagem de dinheiro, como atualmente oposições nacionais violentas pró-Washington, desestabilizadoras sobretudo de governos democráticos em todo o mundo, em grande medida, lavam dinheiro.
Dificilmente o agente anônimo que teve acesso e entregou os Papeis é um indivíduo. A pergunta que não quer calar é: será esta instituição “alguma” agência de Inteligência? O contexto leva a crer que sim, principalmente se o colocarmos também dentro do próprio contexto histórico das sabidas espionagens, chantagens, sabotagens, golpes, assassinatos e muita guerra suja por parte da CIA.
‘Putinofobia’: Pedra no Sapato do Império Agonizante
A Pravda já havia noticiado, em 31 de março: Kremlin Prepara-Se para Ataques ‘Jornalísticos’ contra Putin, na seção Federação Russa. “O porta-voz do presidente russo Vladimir Putin, Dmítri Péskov, em conversa com repórteres, comentou o pedido recebido pelo chefe de Estado da Federação Russa, para que respondesse a uma lista de perguntas provocativas, encaminhada por um “Request Thread - Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo” (sic). O Kremlin respondeu que não tomaria conhecimento das perguntas, propostas em estilo de Inquisição”, dizia a reportagem.Dimitri Peskov alertou que o objetivo principal da mídia ao ligar o presidente Putin a operações em paraísos fiscais, é prejudicar a imagem do presidente, “especialmente no contexto da próxima eleições parlamentares, e sob uma perspectiva de longo prazo: refiro-me às eleições presidenciais dentro de dois anos”.
Não é de hoje a aversão de Washington ao presidente Vladimir Putin e, por consequência, de seus porta-vozes desde o Pentágono midiático com sede em Nova Iorque, que ditam o que será e o que não será noticiado e opinado nos meios ocidentais e em outras regiões subservientes ao regime dos Estados Unidos.
Outros motivos não apontados pelo porta-voz do Kremlin para a guerra midiática, aproveitando-se agora dos Papeis do Panamá, são a superpotência militar que a Rússia representa, além de questões geoestratégicas que envolvem a Crimeia, cuja opção da própria sociedade em se integrar à nação russa não tem sido bem digerida pelos EUA, e a luta norte-americana em dominar a Ucrânia.
Na Síria, onde os EUA tentam derrotar Assad mas não o EI, a Rússia tem obtido sucessivas e expressivas vitórias contra o autodenominado Estado Islamita (EI).
Realmente, como se pode perceber através da agressividade de Washington e de seus porta-vozes midiáticos, a vingança por essas vitórias tem vindo a cavalo: o regime de Barack Obama tampouco tem digerido bem o efetivo combate contra seus maiores aliados no Oriente Médio, que servem como justificativa para que os EUA estacionem e aumentem o número de bases militares na região mais rica em petróleo do planeta (e ainda cerque as temidas China e Rússia): os terroristas do EI e da Al-Qaeda.
O presidente Putin não tem se demonstrado, na prática, inimigo de governo nenhum no mundo, pelo contrário. O que ocorre é o que a patologia do poder imperialista norte-americano não aceita que seus almejos coercitivo expansionistas sejam questionados e brecados, como apenas o Kremlin tem sido capaz de fazer (não por falta de vontade de inúmeras nações ao redor do planeta).
Desta maneira, a “putinofobia” é mais uma reedição da histeria macarthista que toma conta do imaginário coletivo norte-americano, cuja esquizofrenia é reverberada fielmente pelos principais meios de comunicação no Ocidente fazendo-se espalhar pelo mundo.
O Centro de Pesquisa da Opinião Pública Russo (VTsIOM) realizou uma pesquisa a qual constatou que 64% dos russos responderam “sim” à pergunta se é necessário manter a União Soviética como uma federação de repúblicas igualitária em que vão garantir-se os direitos e liberdades do homem de qualquer nacionalidade. enquete feita pela Russia Today demonstra haver ainda uma forte resistência ao capitalismo no país, já que a maior parte dos entrevistados considera a vida na Rússia Socialista melhor que nos tempos atuais, conforme pode-se verificar na página da emissora russa.
Certamente, a nação russa representa ameaça ao Estado mais terrorista da história por vários motivos que a mídia de desinformação das massas não menciona, mas que andam deixando o Império agonizante cada vez mais alarmado.
‘Papeis’ Seletivos e até Forjados?
O jornal The Guardian ressalta sempre que “grande parte do material que vazou, permanecerá secreto”. Por quê? Para que os Papeis, que coopera com a agenda da OTAN, sirvam como meio de chantagem global?Está claro que o vazamento dos Papeis do Panamá, mesmo que contenha alguns aliados de Washington – seja para dar ares de autenticidade às revelações, seja por motivos que ainda se desconhece – estão sendo vazados seletivamente ou até mesmo, em determinados casos, têm sido forjados desempenhando desta maneira mais um papel propagandista contra países e indivíduos que contrariam os objetivos geoestratégicos imperialistas.
E uma vez mais o “jornalismo” predominante internacional encontra-se completamente alijado de uma investigação neste sentido, como sempre ajoelhado diante do monoteísmo do mercado norte-americano já dando descaradas mostras de que repercutirá exaustivamente os Papeis do Panamá, inversamente proporcional ao que tem ocorrido em relação às denúncias de Edward Snowden e Julian Assange, hoje completamente esquecidos e por isso até desconhecidos de grande parte da opinião pública especialmente no Brasil (inclusive entre as classes mais favorecidas). Denúncias estas que mudam completamente a leitura que se faz da política norte-americana e internacional.
Mas tudo segue como está e, pelo visto, por outro lado os Papeis do Panamá não transformarão em nada o estado de espírito e a realidade humana. Quem viver, verá.
Edu Montesanti

sexta-feira, 6 de maio de 2016

EUA contra os BRICS: Corrupção como arma de propaganda

                               
                     
                                                                                                                                                                                                                                                                                                       

                    "Ano passado, a USAID distribui  documento (fact   Shet) no qual resume os próprios serviços de pagar jornalistas amigáveis em todo o mundo, inclusive para "formação e treinamento de jornalistas, desenvolvimento de negócios de mídia-empresa, construção de capacidade para instituições de apoio e reforço de ambientes legal-regulatórios para a livre empresa de comunicações em geral."


jornalismo, como aplicar padrões equilibrados aos abusos de direitos humanos e de corrupção financeira, já foram tão pervertidos e corrompidos, pelas demandas da propaganda, de governos e de empresas - e pelo carreirismo de tantos, incontáveis jornalistas -, que já desconfio muito, sempre que a mídia-empresa comercial dominante põe-se a trombetear alguma história suposta 'sensacional', cujo protagonista sempre é algum "vilão da hora", selecionado para a ocasião."
Infelizmente, alguns dos importantes deveres do jornalismo imparcial e independente


Incontáveis vezes esse tipo de 'jornalismo' não passa de abre-alas para o ataque de "mudança de regime" que logo aparece, para cobrir de lama ou deslegitimar algum governante estrangeiro, antes do inevitável advento de uma "revolução colorida" sempre organizada por ONGs de 'promoção da democracia', praticamente sempre com dinheiro de organizações do governo dos EUA, como National Endowment for Democracy [Dotação Nacional para a Democracia] ou de algum financista neoliberal feito George Soros [ou todas as anteriores].

O que vemos agora tem todas as características de mais uma fase preparatória para a próxima rodada de "mudança de regime", cujo abre-alas é uma enxurrada de acusações de corrupção, sem provas, contra o ex-presidente do Brasil, Luiz Ignacio Lula da Silva e o presidente da Rússia, Vladimir Putin. As mais recentes acusações contra Putin - espalhafatosamente 'repercutidas' pelo Guardian do Reino Unido e outros veículos - viraram especialmente 'midiáticas' por causa dos chamados Panama Papers, que supostamente implicariam o presidente russo em negócios financeiros com empresas offshore, mesmo que o nome de Putin não apareça em nenhum daquele mar de 'documentos'.

Ou, como o Guardian escreve:

"Embora o nome do presidente não apareça em nenhum dos documentos, os dados mostram um padrão - amigos dele ganharam milhões em negócios que, aparentemente, não poderiam ter sido feitos sem o patrocínio de Putin. Os documentos sugerem que a família de Putin beneficiou-se desse dinheiro - a fortuna dos amigos é como se pertencesse ao presidente russo."

Impossível não perceber que nada nessa 'notícia' é específico, e que tudo aí é castelo erguido sobre especulações: "um padrão", "aparentemente", "sugerem", "é como se". De fato, se Putin já não fosse a figura mais demonizada na/pela mídia-empresa ocidental, tal fraseado jamais passaria sem correção pela tela do computador de qualquer editor de jornal de bairro. A única informação que pode ser verificada e eventualmente confirmada em todo esse parágrafo é "o nome do presidente não aparece em nenhum dos documentos".

Uma publicação britânica de supervisão crítica do que publica a grande mídia-empresa no Reino Unido, Off-Guardian, que critica praticamente tudo que o Guardian oferece ao público, publicou, como título/manchetedo artigo sobre Putin: "Colapso: Guardian e a autoparódia nos Panama Papers".

Mas, seja qual for a verdade sobre alguma "corrupção" de Putin ou de Lula, o aspecto relevante para o jornalismo sério é que qualquer noção de objetividade já foi há muito esquecida, para favorecer o que mais diretamente favoreça interesses 'ocidentais' e lhes pareça útil como propaganda de ativa desdemocratização.

Atualmente, alguns daqueles interesses 'ocidentais' dão sinais deextrema preocupação com o crescimento do sistema econômico conhecido como BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - como reais concorrentes do G-7 e do Fundo Monetário Internacional 'ocidentais'. Afinal, controlar completamente o sistema financeiro global sempre foi o alicerce central do qual depende o poder dos EUA no mundo pós-2ª Guerra Mundial. Nenhum rival que ameace o monopólio chamado 'ocidental', mas monopólio que é, de fato, dos EUA, será jamais bem-vindo.

O viés contra esses e outros governos pouco "amistosos" significa, na prática, que se aplica um determinado padrão a Rússia ou Brasil; mas outro, completamente diferente, muito mais laxo e condescendente, se o acusado de corrupção for líder político nos EUA ou na Europa.

Considere-se, por exemplo, os milhões de dólares que a ex-secretária de Estado Hillary Clinton recebeu como pagamento por conferências que fez/faz, pagos por interesses especiais de alguns muito ricos que sempre souberam que ela teria boa probabilidade de vir a ser presidenta dos EUA. [Vide Consortiumnews.com, "Clinton Stalls on Goldman-Sachs Speeches" (Clinton empacou nas palestras para Goldman-Sachs)].

Ou, do mesmo modo, os milhões e mais milhões de dólares investidos nos super-PACS para Clinton, Sen. Ted Cruz e outros candidatos ainda cheios de esperanças. Pode bem parecer corrupção, se se aplica aí um padrão objetivo de análise; mas é tratado como mero aspecto 'desagradável' do processo político nos EUA.

Mas imagine só por um instante que Putin recebesse milhões de dólares por algumas rápidas palavras dirigidas a corporações poderosas, bancos, grupos de interesse que estivessem fazendo negócios com o Kremlin. Qualquer coisa que aparecesse seria imediatamente ostentada na mídia-empresa, como alguma espécie de prova de facto de corrupção e ganância.

Jornalismo -noçãoAssim também, se se trata de demonizar governante de país não 'amistoso', vale qualquer "corrupção", mínima ou inventada que seja.

Por exemplo, nos anos 1980s, o presidente Ronald Reagan 'denunciou' o presidente da Nicarágua Daniel Ortega, por causa dos óculos: "O ditador de óculos de griffe" - disse Reagan, no mesmo momento em que Nancy Reagan aceitava vestidos grátis de costureiros 'da moda' e mobiliário novo para a Casa Branca, tudo grátis, pagos por interesses do BigPetróleo & Gás.

De fato, a "corrupção", quando se trata de demonizar governante 'oposto', como o presidente Viktor Yanukovych da Ucrânia, pode ser qualquer coisa, inclusive uma sauna na casa dele, 'assunto' que mereceu manchete de primeira página no New York Times e em outros veículos da grande mídia-empresa ocidental, todas empenhadas em justificar o golpe injustificável que derrubou Yanukovych, em fevereiro de 2014.

Vale anotar que ambos, Ortega e Yanukovych, foram eleitos. Mas não interessavam ao governo dos EUA e, portanto, viraram alvo de Washington e seus beleguins, que montaram contra eles violentas campanhas de desestabilização. Nos anos 1980s, a guerra chamada "dos Contra", que a CIA organizou na Nicarágua, matou 30 mil pessoas; e a 'mudança de regime' que os EUA orquestraram na Ucrânia desencadeou uma guerra civil que fez 10 mil mortos. Evidentemente, nos dois casos a Washington Oficial culpou Moscou por todas essas desgraças.

Nesses dois casos também, os políticos e beleguins que se autoempoderaram por efeito dos conflitos eram, praticamente com total certeza, muito mais corruptos que os Sandinistas da Nicarágua ou o governo de Yanukovych. Os Contras nicaraguenses, cuja violência ajudou a pavimentar o caminho para a eleição, em 1990, da candidata patrocinada pelos EUA, Violeta Chamorro, estavam profundamente implicados no tráfico de cocaína. [Vide Consortiumnews.com, "The Sordid Contra-Cocaine Saga."]

Hoje, o governo ucraniano que os EUA acobertam está naufragado em corrupção tão profunda, que a corrupção já provocou OUTRA crise política. [Vide Consortiumnews'com, "Reality Peeks Through in Ucrânia."]

Por ironia, um dos políticos cujo nome realmente aparece nos Panama Papers por ter conta clandestina num paraíso fiscal offshore é o presidente que os EUA instalaram no governo da Ucrânia, Petro Poroshenko, que imediatamente 'terceirizou' sua culpa para Putin (Poroshenko negou que haja qualquer coisa imprópria em suas finanças mantidas offshore.)

Duplifalar, duplos padrõesO jornalismo que as mídia-empresas dominantes no ocidente vendem aos cidadãos consumidores já nem tenta fingir, que fosse, que usa padrões claros e estáveis no que tenha a ver com noticiário sobre corrupção. Se você é governo 'favorecido', o que mais se ouve são lamúrias sobre a necessidade de mais "reformas" - o que sempre significa cortar aposentadorias e pensões para idosos e cortar programas sociais de apoio aos mais pobres. - Mas se você é governante a ser demonizado, nesse caso só se admite condenação, mesmo sem provas; e/ou 'mudança de regime'.

Exemplo notável desses duplos padrões é a atitude não-há-crime-algum que hoje acoberta a corrupção da ministra de Finanças da Ucrânia, Natalie Jaresko, citada incansavelmente nos veículos da mídia-empresa 'ocidental' como exemplo de boa governança e reformadora sábia na Ucrânia. A verdade fartamente documentada, contudo, é que Jaresko enriqueceu graças ao controle que teve sobre um fundo de investimento mantido por contribuintes norte-americanos, que todos esperavam que ajudasse os cidadãos ucranianos, não a ministra de Finanças.

Conforme os termos do fundo de investimento de $150 milhões criado pela Agência dos EUA para Desenvolvimento Internacional [ing. USAID], a retirada de Jaresko não poderia ultrapassar os $150 mil dólares anuais, 'salário' que muitos norte-americanos invejariam. Mas não satisfez Jaresko: primeiro ela simplesmente estourou o limite dos próprios salários e 'retirou' centenas de milhares de dólares a mais; depois fez desaparecer os próprios 'salários' das prestações oficiais de contas, quando já inventara para ela mesma 'salários' de $2 milhões ou mais.

Há vasta documentação que comprova tudo isso. Eu mesmo publiquei várias matérias sobre as provas de que ela recolhia para si 'salários' ilegais e, também, sobre as estratégias 'legais' de que se servia para encobrir qualquer prova de malversação de dinheiro público [VideConsortiumnews.com "How Uckraine's Finance Minister Got Rich" e "Carpetbagging Crony Capitalism in Uckraine."]

Pois apesar de todas as provas, nenhum único jornalista de qualquer único veículo de notícias da mídia-empresa 'ocidental' jamais seguiu as 'pistas' que recolhi e divulguei, sequer hoje, quando a mesma Jaresko já aparece incensada como candidata "das reformas", ao posto de primeira-ministra da Ucrânia.

Esse desinteresse assemelha-se muitos aos imensos antolhos em que se metem The New York Times e outros grandes veículos da mídia-empresa dominante, quando têm de 'noticiar' ou 'comentar' se o presidente Yanukovych da Ucrânia foi deposto por golpe em fevereiro de 2014, ou se só saiu para um passeio e esqueceu-se de voltar ao governo.

Em grande matéria dita "investigativa", o Times resolveu que não houve golpe na Ucrânia (resolveu também que não houve o telefonema interceptado entre Victoria Nuland, vice-secretária de Estado dos EUA para Assuntos Europeus e Asiáticos, e o embaixador dos EUA na Ucrânia, Geoffrey Pyatt [que entrou para a história como "o telefonema do Foda-se-a-União-Europeia" (NTs)], no qual Nuland informa o embaixador de que "Yats é o cara" e - surpresa, surpresa - Arseniy Yatsenyuk logo apareceu já primeiro-ministro).

Times também ignorou a observação de George Friedman, presidente da firma global de inteligência privada, Stratfor, que avaliou que o golpe na Ucrânia foi "o mais escancarado golpe da história". [VideConsortiumnews.com "NYT Still Pretends No Coup in Ucrânia."]

A propaganda como arma (de desdemocratização)Outra vantagem da "corrupção" como arma de propaganda para desacreditar alguns líderes não amigáveis, é que em todos os governos há sempre muita corrupção, bem como em todos os setores privados, em todo o mundo. Acusar qualquer um de corrupção é fácil como fisgar peixe gordo apertado em barril pequeno. Claro, alguns barris são mais apertados que outros e, claro, há muita gente honesta. O xis da questão é o barril que cada um escolhe para pescar, de cada vez.

Essa precisamente é a razão pela qual o governo dos EUA gasta centenas de milhões de dólares em todo o planeta para financiar mídia-empresas de 'jornalismos' e 'jornalistas'; para treinar ativistas políticos e apoiar com dinheiro e profissionais as tais "organizações não governamentais", ONGs que promovem as políticas dos EUA dentro da sociedade dos países atacados. Por exemplo, antes do golpe de 22/2/2014 na Ucrânia, havia lá incontáveis organizações desse tipo financiadas e protegidas pela National Endowment for Democracy (NED), cujo orçamento é previsto no orçamento do Congresso dos EUA e ultrapassa $100 milhões anuais.

Mas essa NED, presidida desde a fundação, em 1983, pelo neoconservador Carl Gershman, é apenas parte do quadro. Há outras frentes de propaganda operantes sob o guarda-chuva do Departamento de Estado e da USAID.[2] Ano passado, a USAID distribuiu umdocumento, um fact sheet no qual resume os próprios serviços de pagar jornalistas amigáveis em todo o mundo, inclusive para "formação e treinamento de jornalistas, desenvolvimento de negócios de mídia-empresa, construção de capacidade para instituições de apoio e reforço de ambientes legal-regulatórios para a livre empresa de comunicações em geral."

USAID estimava o próprio orçamento para programas de "fortalecimento da mídia-empresa em mais de 30 países" em mais de $40 milhões anuais, incluindo ajuda financeira a "organizações de mídia-empresa independente e blogueiros, em mais de 12 países".

Na Ucrânia antes do golpe, a USAID oferecia treinamento em "segurança para comunicação por telefones celulares e para websites" - expressões que soam muito semelhantes a "operação para burlar os serviços de inteligência dos governos locais", posição muito suspeita, no caso dos EUA e sua obsessão nacional com vigilância e criminalização e acusações criminais contra vazadores de informação, baseadas, não raras vezes, em 'provas' de que teriam falado com jornalistas.

USAID, trabalhando com a ONG Open Society [Sociedade Aberta] do bilionário George Soros, também financia e promove o Projeto de Jornalismo contra o Crime Organizado e a Corrupção [sigla ing. OCCRP], que reúne e paga "jornalistas investigativos" que vivem de caluniar e perseguir governos que não se 'comportem' como reza a cartilha dos EUA, e os quais, sempre, são 'denunciados', nos veículos da mídia-empresa comercial por prática de 'corrupção'. O OCCRP que é mantido pela USAID também colabora com Bellingcat, website de "jornalismo investigativo" fundado pelo blogueiro Eliot Higgins.

Higgins já várias vezes distribuiu informação falsa pela Internet, inclusive 'notícias' - hoje já desmentidas - que envolviam o governo sírio no ataque com gás sarin em 2013; foi também quem desencaminhou uma equipe da TV australiana para um local onde 'filmaram' uma bateria BUK antiaérea que supostamente estaria voltando para a Rússia, depois de 'ter derrubado' o avião da Malaysia Airlines, dia 17/7/2004.

Mas apesar desse duvidoso currículo de confiabilidade, Higgins rapidamente caiu nas graças da mídia-empresa dominante, em parte porque seus "furos" sempre combinam bem com o tema da propaganda que o governo dos EUA e seus aliados ocidentais estejam promovendo. Enquanto blogueiros genuinamente independentes são ignorados pela empresas que dominam o mercado da comunicação, Higgins já teve seus serviços elogiados pelo New York Times e pelo The Washington Post.

Em outras palavras, o governo dos EUA tem estratégia robusta para distribuir e fazer agir seus agentes diretos e indiretos para influenciar a opinião pública.

Verdade é que já durante a primeira Guerra Fria, a CIA e a velha Agência de Informação dos EUA cuidavam de refinar a arte da "guerra de informação": são pioneiras de várias práticas que utilizam até hoje, como sustentar financeiramente entidades e ONGs, divulgadas como se tivessem "opinião independente", e cuja missão é distribuir propaganda dos EUA para um público ao qual a mídia-empresa comercial ensinou a não acreditar no que digam os próprios governos, e a confiar cegamente em "jornalistas cidadãos" e "blogueiros" de aluguel.

Mas o maior perigo que advém dessa perversão do jornalismo, entregue a jornalistas pervertidos, é que ela prepara o cenário para "mudanças de regime" que desestabilizam países inteiros, pervertem a democracia (pela qual se manifesta o desejo do povo) e os mecanismos de democratização, e sempre põem os países atacados sob ameaça de guerra civil. Hoje, o sonho dos neoconservadores, de promover uma "mudança de regime" em Moscou [e no Brasil (NTs)] é especialmente perigoso para o futuro da Rússia, dos EUA e de todo o mundo.

Independente do que cada um pense sobre o presidente Putin, não há como negar que é líder político racional, cujo sangue frio já legendário blinda-o quase totalmente contra decisões emocionais. O tipo de liderança do presidente Putin agrada ao povo russo, que o apoia em amplas maiorias, como mostra pesquisas de opinião pública.

Por mais que os neoconservadores norte-americanos fantasiem que sejam capazes de gerar suficientes dor econômica e dissenção política dentro da Rússia, que levariam à derrubada de Putin, o sonho deles - de que Putin seria substituído por governante 'dócil' como o ex-presidente Boris Yeltsin, que deixou que operadores dos EUA voltassem à Rússia, onde puderam continuar a saquear riquezas russas - não passa de fantasia.

Muitíssimo mais provável - no caso de os EUA conseguirem armar, sabe-se-lá como, uma "mudança de regime" - é que Putin fosse substituído por um nacionalista linha-dura que pode, sim, considerar seriamente abrir as portas do arsenal nuclear russo, no caso de os EUA aparecerem por lá com ares de quem quer humilhar a Mãe Russa. Na minha avaliação, Putin não é motivo de preocupações; mas, sim, quem surja depois dele, no caso de golpe que o derrube.

Assim sendo, claro que devem prosseguir investigações legítimas que por acaso haja sobre a "corrupção" de Putin - e de qualquer outra figura pública. Mas não se deve admitir que sejam rebaixados os padrões de comprovação e devido processo que a lei impõe.

Nenhum crime se tornaria 'justificável' apenas porque o 'ocidente' ordenou que Putin [ou o ex-presidente Lula do Brasil] seja(m) tratado como 'o perigo' da hora. É indispensável manter padrões únicos e coerentes de investigação, não padrões arranjáveis, dúbios, duplos, conforme o freguês.

Os ares de ultraje extremo que a mídia-empresa comercial ocidental alardeia contra a "corrupção" dos outros, deve-se manifestar com igual eloquência também contra agentes políticos e empresariais dos EUA, de outros países do G-7, não exclusivamente contra os agentes políticos eleitos nos países BRICS.*****


É exatamente o tipo de golpe 'jornalístico' que está sendo construído contra a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula, já candidato a reeleição, no Brasil. O UOL News, um dos braços mais militantes do desjornalismo que opera no Brasil-2016, 'noticia', absolutamente sem prova alguma de coisa alguma:

"Segundo o procurador da República Carlos Fernando Lima, 60% (R$ 20 milhões) das doações ao Instituto Lula e 47% (R$ 10 milhões) dos valores pagos a LILS Palestras, Eventos e Publicações (empresa que tem o ex-presidente como sócio) vieram das maiores empreiteiras envolvidas na Lava Jato - Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e UTC. - É o núcleo duro do cartel que dilapidou o patrimônio da Petrobras", afirmou o procurador".

Tudo isso é, no mínimo, com certeza, suposição. Para começar, aquelas empreiteiras são tradicionais doadoras para as campanhas de TODOS os candidatos com chances de vencer. E, além disso, o patrimônio da Petrobrás absolutamente NÃO FOI 'DILAPIDADO'. E não há nem fiapo de prova de coisa alguma disso que UOL 'noticia' que o Procurador "afirmou". Houvesse cuidado de encontrar provas, antes de espalhar 'notícias', o mais provável é que "afirmações" e "detalhamentos" feitos pelo Procurador já estivessem saudavelmente desmentidos [NTs].+
 A USAID [sigla em ing. de Agência dos EUA para Desenvolvimento Internacional] teve destacado e macabro papel no golpe de 1964-68 no Brasil, sobretudo no que tivesse a ver com a 'reforma' da educação brasileira feita do bojo dos "Acordos MEC-USAID", de sinistra memória e consequências que perduram até hoje [NTs].
4/4/2016, Robert Parry, Consortium News

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Lula, O Poderoso Chefão


Por Malu Aires, no facebook


"Segundo Janot, Lula é o chefe de uma quadrilha que atuava dentro da Petrobras, desde o governo Fernando Henrique Cardoso.  Como a gente nunca desconfiou disso, seu Janot?

Um chefe de quadrilha que, enquanto seus 'subordinados' recheavam contas em milhões de dólares na Suíça, Israel, Caribe e EUA, passava os feriados num sítio emprestado em Atibaia, dentro de uma barco de alumínio, pescando tilápia.  Imaginem só se ele passaria as férias em Paris pra dar bandeira, né doutô Janot? 

Com a família reunida na beirada da lagoa, chinelo havaiana e caixas de isopor na cabeça, Lula criou um disfarce genial pro corruptos do século XXI - o do bondoso corrupto que rouba pros outros. Um chefe de quadrilha que roubava para ajudar os diretores da petrolífera (pobrezinhos), pra ajudar o PMDB a criar a cobra Cunha pra derrubar Dilma um dia e pra fazer o PP e o PMDB liderarem o ranking da corrupção que paga "SIM" prum processo sem crime. Lula é um gênio da invenção do tiro no pé.   Ô doutô Janot... como a gente não pensou nisso?

Como a gente não pensou que sua linha de raciocínio segue a mesma do Gilmar Mendes, do Revoltados Online, da Rede Globo, do PSDB, dos delegados misóginos da Lava Jato e da turma toda do Paraná que começou investigando lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas (mais uma vez operada pelo mesmo Youssef de sempre), indo parar bem longe de qualquer narcotraficante em Brasília?

Como a gente não percebeu a instituição sólida que é esse MPF que canta a mesma ladainha do Cassio Conserino? Que tem a mesma obsessão por Lula que o perturbado Douglas Kirchner?
Como a gente não percebeu que o negócio de vocês é prender o Lula sem crime e deixar os corruptos tirarem Dilma da presidência, sem crime também (um vale a pena ver de novo o mentirão)? 

Como a gente não percebeu que o Ministério Público virou privado e quem tá bancando a pipoca no cinema é o crime organizado por, entre outros, Cunha, Aécio e Serra?   E desde quando Ministério Público é instituição sagrada? Desde Brindeiro?
Geraldo Brindeiro, Roberto Gurgel e Rodrigo Janot
Depois que a gente descobre que gente como Fernando Capez e Carlos Sampaio já foram promotores, a gente entende que o time do Janot sempre teve bico grande.  Depois que a gente descobre que sempre o mesmo MPF pede clemência pros crimes cometidos por Youssef, sempre o absolvendo de lavagem de dinheiro pro tráfico, a gente constata que toda a cocaína no Brasil sempre entrou, sempre entra e sempre entrará sem dono. É que os narco-dólares estimulam bolhas na bolsa e no Mercado - tudo o que o neoliberalismo defende. Dinheiro esse que, somado à corrupção, desaba uma Petrobras em um dia de bolsa.

No final de janeiro de 2015, Janot conta à imprensa que teve sua casa arrombada. Disse ele que não levaram nada, além do controle do portão.   O que Janot não contou é que levaram dele nesse dia, a coragem que ele guardava na gaveta e a dignidade que ele escondia no armário."

Nunca antes na história dos Estados Unidos







Uma pesquisa explica a porquê do fenômeno Bernie Sanders: agora, 51% da juventude norte-americana rejeitam o capitalismo. Mas.. isso basta?
A campanha meteórica de Bernie Sanders à presidência dos EUA surpreendeu o mundo. Num país em que o espírito capitalista é visto quase como parte da própria nacionalidade, um candidato que se declara “socialista democrático” e defende o controle social sobre os mercados financeiros chegou a desafiar Hillary Clinton. Como isso foi possível?
Uma pesquisa da Universidade de Harvard, divulgada nesta segunda-feira (2/5) pode ajudar a encontrar as respostas. Ela revela que 51% dos “jovens adultos” — a população entre 18 e 29 anos — rejeitam o capitalismo em sua forma atual (o “capitalismo realmente existente”, em outros palavras). Apenas 42% o apoiam. Além disso, quase 50% dos entrevistados nesta faixa de idade defendem a Saúde com um serviço público, a ser custeado pelo Estado — o que é um anátema, nos EUA. E mesmo entre os mais idosos, e eleitores do Partido Republicano, diminuiu sensivelmente a porcentagem dos que defendem as lógicas do sistema.

Os resultados suscitam outra questão: se até mesmo nos EUA o contingente de críticos ao capitalismo é tão grande, por que é tão difícil desafiar o sistema — cujas lógicas parecem cada vez mais entranhadas nas sociedades? Outras Palavras está traduzindo, e publicará em breve, uma entrevista em que o filósofo Jacques Rancière aporta mais alguns elementos à compreensão do problema.
Estamos numa fase de transição, diz ele. As lógicas do capitalismo podem ser as mesmas, mas sua configuração mudou. “Antes existiam ‘grandes subjetivações coletivas’ (por exemplo, o movimento operário), que permitiam aos excluídos incluir-se no mesmo mundo daqueles a quem combatiam. Mas a virada neoliberal destroçou estas forças”.
Para Rancière, um dos passos indispensáveis é construir novas subjetivações coletivas, novas formas de estar no mundo que abranjam — e sejam mais corrosivas e portadoras de alternativas — do que os pertencimentos a gênero ou etnia, por exemplo. Sem isso, teme o filósofo, o risco é que a crítica ao capitalismo dissolva-se em fragmentação impotente.