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sábado, 17 de janeiro de 2015

Rússia-OTAN:Fronteiras mais quentes que no tempo da Guerra Fria (II)


viernes, 09 de enero de 2015
09 de enero de 2015, 03:07Moscou (Prensa Latina) O programa estadunidense de ataque global rápido (PGS, em inglês) e o desenvolvimento de armas hipersônicas convencionais aparecem como ameaças reais na doutrina militar russa atual, publicada recentemente pelo jornal oficial Rossiskaya Gazeta.
Promulgado em um decreto pelo presidente Vladimir Putin, o documento aponta como outros perigos para a segurança do estado eurasiático o deslocamento de efetivos da OTAN com arsenais de alta precisão nas proximidades de suas fronteiras.

No texto publicado pelo jornal do governo russo se faz a referência explícita a formas de guerra não convencionais como estimular e aproveitar os protestos da população e a manipulação midiática.

Ao abordar esse tema recentemente, Putin advertiu que a situação em torno da Rússia não é simples, porque Washington está colocando um sistema antimísseis escalonado e aumentou as operações da OTAN em toda a Europa, e em particular no leste do continente.

O líder russo afirmou que Moscou sempre defenderá consequentemente seus interesses e soberania, contribuirá a reforçar a estabilidade internacional e defenderá uma segurança igual para todos os países e povos.

Nossa doutrina militar não muda, continua sendo estritamente defensiva, mas protegeremos de maneira consequente e firme nossa segurança, advertiu o chefe do Kremlin em uma reunião com hierarcas do Ministério de Defesa.

O documento publicado pelo Rossiskaya Gazeta reflete esse ponto de vista ao se referir sobre como contrarrestar as ameaças quando orienta "o uso da força militar somente após o esgotamento de todas as medidas não violentas".

No entanto, os princípios do uso combativo das Forças Armadas e especialmente do arsenal atômico em caso de agressão contra Moscou ou seus aliados permanecem invariáveis, mas agora acrescentam a noção de "dissuasão não nuclear".

Este último conceito implica um alto grau de disposição combativa das tropas de propósito geral para estarem em capacidade de prevenir incidentes militares sem necessidade de utilizar a arma atômica.

A doutrina atualizada, comenta o jornal oficial, encomenda pela primeira vez às Forças Armadas a missão de garantir os interesses nacionais no Ártico.

O Comando Unido Estratégico Norte, quinto Distrito Militar russo dotado com suas próprias forças terrestres, navais e aéreas, e localizado além do Circulo Polar Ártico, ficou oficializado no início de dezembro.

A Frota do Norte, cujos navios integrarão as unidades marítimas deste corpo armado, servirá a Rússia como núcleo para esta nova estrutura combativa, concluiu Rossiyskaya Gazeta.

UMA CORRENTE PARA O URSO

O presidente russo disse que é inevitável o crescimento econômico de Moscou e sua saída das atuais dificuldades, provocadas pela queda dos preços do petróleo e as sanções impostas pelo Ocidente.

Durante sua décima roda de imprensa anual, desta vez para mil 259 jornalistas segundo os organizadores, o estadista estimou que demorará dois anos para remontar esse panorama, de acordo com as atuais circunstâncias.

Novamente criticou os líderes ocidentais porque acham que são vencedores e os demais seus vassalos, e condenou a expansão da OTAN para o leste depois da queda do Muro de Berlim, apesar da aliança ter declarado o contrário.

Ao falar sobre as relações de Moscou com a contraparte ocidental e suas intenções de pressionar o Estado eurasiático, o chefe do Kremlin explicou que "ao urso sempre tratarão de lhe colocar uma corrente".

A tradicional roda de imprensa anual do presidente decorreu em circunstâncias econômicas e políticas consideradas sem precedentes, enfatizadas pela depreciação do rublo, baixos preços do petróleo e uma onda de sanções impostas por Washington e seus aliados.

Putin reiterou que os Estados Unidos representam uma ameaça para a Rússia com seus escudos antimísseis e a localização de bases militares em todo o planeta.

Ao responder à British Broadcasting Corporation (BBC), o estadista questionou se é o estado eurasiático o que faz uma política agressiva com apenas dois quartéis militars no estrangeiro, enquanto os "Estados Unidos têm bases por todo o planeta".

Putin denunciou que Washington está instalando sistemas antimísseis na Romênia, e reiterou a pergunta: "Diga-me se somos nós os que realizamos uma política agressiva?

O chefe do Kremlin esclareceu ao seu interlocutor que a contribuição de Moscou às tensões que hoje vive o mundo se limita à defesa dos interesses nacionais "de uma maneira mais e mais dura".

Não atacamos no sentido político, não assaltamos ninguém, só defendemos nossos interesses, disse.

Putin observou a seguir que enquanto o orçamento do Ministério de Defesa da Rússia equivale a 50 bilhões de dólares, o do Pentágono é superior aos 500 bilhões dessa moeda.

O líder russo destacou que a insatisfação do Ocidente, especialmente dos Estados Unidos, em relação com a federação eurasiática, deve-se a que justamente Moscou defende interesses nacionais e não ao fato de que na esfera da segurança provoque tensões.

O URSO MOSTRA OS MÚSCULOS

Pese as dificuldades econômicas, no terreno militar o Kremlin demonstrou recentemente de maneira prática que o conteúdo de sua doutrina militar não é só teoria.

A incorporação de avançados radares, um sistema de guerra eletrônica e o próximo equipamento com motores do tipo NK-32 aumentam significativamente o potencial do bombardeiro supersônico estratégico russo Tu-160, segundo publicaram meios jornalísticos.

Esta nave de 275 toneladas de peso em decolagem com uma velocidade máxima de até dois mil quilômetros por hora, voará a dois mil 400 quilômetros por hora com sua carga útil de até 40 toneladas, informou a emissora de televisão global RT.

Conhecido na Rússia como Cisne Branco e Blackjack na nomenclatura da OTAN, a remotorização do Tu-160 lhe permitirá superar as performances de seu rival estadunidense B-1 Lancer, comenta a fonte ao citar o portal Inquisitr.

Projetado pela Rockwell International, o modelo norte-americano tem um peso de decolagem de 216 toneladas e uma velocidade máxima de dois mil 300 quilômetros por hora.

Os Tu-160 ingressaram na aviação russa de alcance remoto em 1981, e atualmente incluem em seu arsenal bombas de queda livre ou guiadas de diversos calibres (incluindo as ogivas nucleares), mísseis estratégicos de cruzeiro X-55 ou aerobalísticos X-15.

A literatura russa especializada destaca que com sua carga máxima de combate, esta fortaleza possui uma autonomia de voo de 10 mil quilômetros, enquanto com a reduzida essa distância oscila entre 14 mil e 16 mil quilômetros.

Outro exemplo do potencial defensivo russo foi o disparo teste exitoso em 26 de dezembro passado de um foguete balístico intercontinental RS-24 Yars que destruiu os alvos previstos a milhares de quilômetros no polígono de Kura, em Kamchatka.

Um comunicado do Ministério de Defesa informou que o lançamento do projétil carregado com uma ogiva de re-entrada múltipla foi realizado desde o cosmódromo de Plesetsk, ao norte do estado eurasiático.

Segundo a fonte, o exercício cumpriu o objetivo de testar a confiabilidade dos foguetes deste tipo fabricados em 2013-2014 e suas características técnicas.

No final de 2013, o presidente Putin informou em uma reunião com altos cargos militares que este tipo de armamento mais moderno, capaz de impactar até quatro alvos com uma ogiva, substituirá gradualmente aos RS-12M2 Topol-M.

Presente já na dotação de algumas unidades e desenhado pelo Instituto de Termotecnia de Moscou, o primeiro disparo de um Yars-M foi realizado em 27 de maio de 2007, e dois anos depois foram postos em serviço operacional.

A pasta de Defesa russa mantém em segredo a maioria das características deste projétil, classificado com a denominação RS-24 Yars (SS-X-29 nos códigos da OTAN).

Localizado em plataforma móvel, esta versão modernizada do RS-12M2 Topol-M se diferencia sobretudo de seu antecessor porque pode portar cabeças nucleares separáveis de guiado autônomo.

Com uma altura de 43 metros e uma espessura de doiss, no mínimo transporta ogivas com potência entre 150 e 300 quilotones e possui um alcance próximo aos 10 mil quilômetros.

O voo destes foguetes, alimentados por combustível líquido, característica que multiplica suas possibilidades em relação com a defesa antimisil do inimigo, consta de três etapas.

As Forças russas de Mísseis Estratégicos fazem um rearmamento ativo com os sistemas Yars, que, junto aos foguetes pesados Sarmat, constituirão a coluna vertebral da dissuasão nuclear terrestre da Rússia na primeira metade do século XXI.

* Correspondente da Prensa Latina na Rússia.


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