Translate

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Serguei Lavrov: secretário-geral da ONU errou em relação à "Genebra 2"


Síria, Serguei Lavrov, Ban Ki-moon, Genebra 2
Foto: EPA

A crise política na Ucrânia deverá ser regularizada pelo povo ucraniano sem a intromissão de forças externas. Da mesma forma, o destino da Síria deverá ser decidido pelos cidadãos desse país.


Neste contexto, ao processo de normalização devem ser atraídos todos os jogadores principais da região. Por isso, realizar a conferência de paz "Genebra 2" sem a participação do Irã parece estranho. O assunto foi abordado pelo chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, entrevistado por jornalistas em Moscou.
A Rússia se mostra interessada em normalizar, o mais depressa possível, a situação na Ucrânia, razão pela qual Moscou se prontifica a fazer os possíveis a fim de prevenir a cisão do país vizinho. Em virtude disso, a Rússia poderia desempenhar um papel de mediador nas conversações entre as partes em conflito. Mas, até hoje, não foram feitas tais propostas nem pelas autoridades, nem pela oposição ucraniana. Sob este pano de fundo, a postura e as ações de alguns políticos do Ocidente parecem irresponsáveis, apontou Lavrov:
"Os problemas internos de qualquer Estado, inclusive da Ucrânia, devem ser solucionados através do diálogo, dentro no campo jurídico institucional e sem a intervenção externa. Não sei quem e por que razão na União Europeia se manifesta descontente com a nossa avaliação dos acontecimentos na Ucrânia. Gostaríamos que alguns colegas europeus não agissem assim, sem cerimónias, em face de uma crise durante a qual, sem convites oficiais, os membros de alguns governos europeus vieram participar de manifestações antigovernamentais ocorridas num Estado com que eles mantêm relações diplomáticas. É simplesmente indecente comportar-se assim. É isto que vem agravando a situação”.
Ao mesmo tempo, o conflito na Síria que se prolonga há 3 anos, constitui mais um tema internacional candente, mencionado pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia. Para o dia 22 de janeiro está agendada a conferência "Genebra 2". Segundo assinalou Lavrov, um dos temas será a neutralização dos grupos terroristas que atuam na Síria e, antes de mais, dos que tem a conexão com a Al-Qaeda. Um papel importante no fórum poderia ser desempenhado pelo Irã, mas, como se soube, Ban Ki-moon, cancelou o convite enviado a seus representantes.
Na ótica do chanceler russo, tal decisão é errada. Com isso, o secretário-geral usou de astúcia ao afirmar que Teerã não partilha os princípios do Comunicado de Genebra de 2012, ou seja, não considera a demissão de Bashar Assad como uma condição indispensável para a regularização da crise síria. Conforme tal lógica de raciocínio, adiantou Lavrov, a Rússia também não deverá participar, dado que não insiste na demissão de Assad, sendo da opinião que as negociações de paz devem iniciar-se sem quaisquer condições prévias. Dito de outra maneira, a razão para cancelar o convite do Irã parece artificial e a composição de seus participantes está longe de ser completa:
"Trata-se de um evento de um dia para o qual foram convidados 40 ministros das Relações Exteriores, incluindo ministros de regiões distantes: América Latina e Ásia Oriental. Apesar de carácter oficial desta conferência, a ausência do Irã na lista de 40 convidados não deixa de suscitar muitas dúvidas, tanto mais que em todas as etapas do nosso trabalho conjunto com a parte norte-americana, John Kerry reconheceu mais de uma vez em público que o Irã deveria desempenhar um importante papel na busca de vias de regularização da crise na Síria."
Enquanto isso, na véspera, o Irã e o Ocidente procederam à implementação dos acordos alcançados em Genebra entre representantes da República Islâmica e o "sexteto" de mediadores. No âmbito desse acordo, Teerã cessou o enriquecimento do urânio até ao nível de 20%. Em contrapartida, os EUA e a UE levantaram uma parte das sanções. Em particular, foi cancelada a proibição de exportação de derivados de petróleo. Os EUA se disponibilizam a descongelar uma parte dos ativos num valor superior a 4 bilhões de dólares.
Importa acrescentar terem sido levantadas as sanções no setor iraniano de transportes, o que permitirá modernizar o antigo parque aéreo. Todavia, realçou Lavrov, este será o primeiro passo na solução do problema nuclear iraniano. Os passos seguintes serão discutidos por Teerã e o "sexteto" nas próximas semanas, asseverou Serguei Lavrov.

Nenhum comentário:

Postar um comentário