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sábado, 31 de agosto de 2013

"Bem-vindos, colegas cubanos"


Por Dr. Manoel Dias da Fonsêca Neto 

Estive em Cuba em 1986, junto com uma centena de brasileiros, para participarmos do I Seminário Internacional em Atención Primaria de La Salud, promovido pela Organização Panamericana de Saúde (OPS), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério de Saúde Pública de Cuba. Há quase 30 anos, o Programa de Saúde da Família de Cuba era o destaque deste Seminário Internacional, exemplo de estratégia de incorporação de baixa densidade tecnológica, centrada na pessoa humana, na família e no vínculo permanente de uma equipe com a população de um território, com resultados significativos na melhoria de indicadores de saúde.
Qual era o segredo desta estratégia? Os médicos cubanos aprendiam o que os nossos mestres Dr. Paulo Marcelo, Dr. Elias Salomão, Dr. Oto, Dr. Pessoa, Dr. Haroldo Juaçaba nos ensinavam: ouvir o paciente e sua história familiar, examiná-lo, palpá-lo, auscultá-lo, observando sinais e sintomas, fazer, enfim, uma anamnese e exame clínico detalhado e sistemático. Respeitando o ser humano que nos procura em sofrimento, a sua individualidade, com ética e humanismo. Os médicos cubanos são excelentes médicos de família e vêm aperfeiçoando o seu conhecimento há 30 anos.
Os brasileiros estarão em muito boas mãos aos seus cuidados. Fico muito triste ao presenciar expressões de xenofobia e até etnofobia, arrogância, preconceito e agressividade de presidentes de alguns CRMs, do CFM e AMB contra médicos estrangeiros, especificamente cubanos. Xenofóbico é quem demonstra temor, aversão ou ódio aos estrangeiros.
Será que esta não é uma forma camuflada de expressar aversão ou ódio aos pobres do Brasil? Por que tememos os médicos cubanos? Porque são disciplinados e cumprirão a carga horária contratada? Porque são excelentes médicos de família e cuidarão com carinho, respeito e sabedoria do nosso povo. Porque se fixarão num só emprego e dedicarão todo o seu tempo às famílias sob sua responsabilidade? Espero que nossos colegas médicos cubanos e demais estrangeiros não sejam hostilizados por senhores da “casa grande e senzala” da modernidade e sejam acolhidos com simpatia e respeito, como fui por eles, quando estive em Cuba há 30 anos.
Publicado na Gazeta do Oeste 

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