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domingo, 9 de junho de 2013

Uma esquerda que a direita gosta



Por Mário Augusto Jakobskind

É no mínimo estranho o fato de alguns partidos brasileiros que a todo instante se proclamam legítimos representantes da esquerda apoiem uma chamada "revolução síria". E isso em um momento em que no país árabe está clara a participação dos países europeus e Estados Unidos com combatentes mercenários e armas em luta contra o Presidente Bashar al Assad.
Está claro também que o país árabe se transformou em laboratório de forças imperialistas desejosas de traçar um novo mapa no Oriente Médio em favor de seus interesses econômicos. Não é por acaso o apoio ostensivo aos "rebeldes".

Mesmo que se faça restrições ao Presidente Bachar al Assad, na prática se posicionar ao lado de grupos com o respaldo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pode ser considerado não só meio estranho como basicamente contraditório. E afirmar que ao apoiar a revolução, que denominam de popular, estão contra os dois lados, não passa de sofisma, porque neste momento a estratégia do império é exatamente convencer a opinião pública mundial que o povo está com os "rebeldes" e contra Bashar al Assad.

No último dia 31 de maio, o PSTU promoveu uma jornada de apoio à revolução síria, esquecendo-se da prioridade em denunciar a presença do vice-presidente norte-americano Joe Biden em território brasileiro. Ou seja, enquanto Biden veio dar o recado do império, o PSTU se voltava para a Síria, na prática fazendo o jogo de quem os Estados Unidos apoiam.

Da mesma forma que o PSTU, setores do PSOL também levantam a bandeira da suposta "revolução síria", quando a questão principal naquele país é exatamente denunciar a presença de forças mercenárias com o apoio do Ocidente, numa estranha aliança com a participação da Al Qaeda. Se é que é estranha, porque alguns analistas consideram a Al Qaeda, que a soldo da CIA iniciou seus trabalhos no Afeganistão para combater os soviéticos, um braço do imperialismo.

Aliás, não é de hoje que sobretudo a "dialética" do PSTU tem lançado a divisão na esquerda. Foi assim quando os ideólogos do referido partido denunciavam o que chamavam de "bonapartismo" de Hugo Chávez, na prática também se alinhando com os opositores da revolução bolivariana. E demonstrando também o equivoco na assimilação de ideias levantadas por Leon Trotsky. Em outros termos, fizeram a leitura e a transplantaram mecanicamente para realidades distintas das vividas pelo líder soviético. Trotsky naturalmente rejeitaria tal equívoco.

Questionar o posicionamento do PSTU e de setores do PSOL em relação aos acontecimentos na Síria, é uma necessidade, para evitar que setores da esquerda na prática se alinhem com a direita. Para evitar também a proliferação e o fortalecimento, como dizia Darcy Ribeiro, de uma esquerda que a direita gosta.

Rede Democratica (www.rededemocratica.org)

http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=c5aa65949d20f6b20e1a922c13d974e7&cod=11628

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