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sábado, 19 de janeiro de 2013

Um dos objetivos principais de Martí era a unidade latino-americana

  

  
Imagen activaHavana (Prensa Latina) Para José Martí um dos objetivos principais de seu trabalho editorial era convocar - através de seus textos - à unidade latino-americana, explicou o pesquisador Pedro Pablo Rodríguez, Prêmio de Ciências Sociais 2009 em Cuba.
"Não contei, mas é espantosa a quantidade de artigos de opinião onde Martí chama à unidade latino-americana", assinalou Rodríguez, se referindo ao Martí diretor da La América em 1884, onde definiu, avisou e pôs em alerta a classe letrada hispano-americana sobre as intenções dos Estados Unidos com a região ao sul do rio Bravo, no México.

Para o também Prêmio de História 2010, o Apóstolo através daquela publicação se dirigiu aos políticos, militares e à própria burguesia em formação então para lhes dizer que o país do norte oferecia negócios com a Hispano-américa, mas advertiu sobre a necessidade de compreender que essa relação mercantil devia ser estabelecida segundo os interesses dos latinos.

Em La América, considerou o pesquisador titular do Centro de Estudos Martianos, o escritor analisou o Tratado de Reciprocidade Comercial entre o México e os Estados Unidos e o condenou baseado em um princípio muito contemporâneo da teoria econômica: não se pode falar de reciprocidade entre duas economias absolutamente assimétricas.

Em referência às publicações dirigidas pelo jornalista (Revista Venezolana, La América, La Edad de Oro e Patria), o doutor em Ciências Históricas afirmou que estava desenvolvendo uma estratégia política do ponto de vista editorial com a missão de fazer consciente ao público.

Com relação ao jornalismo martiano, o diretor da Edição Crítica das obras completas do herói da independência, afirmou que para ele essa profissão e ofício tinha um caráter formador, um forte sentido ético, o que é visível em todos seus textos.

"O estilo aforístico e o uso da imagem são características essenciais não só de seu estilo como escritor, como também de sua forma de pensar. Martí pensava por imagens com aforismos, que é a maneira de sintetizar seu julgamento ético", comentou.

Sobre a Revista Venezolana (Caracas, julho 1881), Rodríguez comentou que, ao ler os dois números, nota-se que seu diretor promoveu o pensamento, a literatura, o intercâmbio de ideias. A respeito, comparou que La América (Nova York, 1884) também tinha esse caráter de certo modo, mas expôs que por depender de anúncios estava obrigada a procurar um público mais amplo que o da Revista Venezolana porque aquela era para as classes ilustradas e também para as pessoas de negócios.

Desde que Martí chegou a Caracas, no final de janeiro de 1881 - e talvez já estava indicando desde antes em sua estadia na Guatemala (1877-1878) - tinha um conceito de que uma época nova estava se abrindo no mundo, considerou.

"O Maestro tinha claro que não exisita um estado social ainda definitivo e isso é para ele uma oportunidade, algo positivo enquanto fator que permitia aos povos latino-americanos procurar seu caminho para se inserir nessa modernidade a partir de sua própria autonomia e originalidade.

"Abriu espaço a estudos de cultura popular, de linguística e antropologia, como o texto dedicado ao Dicionário de vocábulos indígenas. A Revista Venezolana conseguiu ser bem mais ampla que a maioria das revistas literárias da época. Em suas páginas se evidencia a vontade de Martí de não repetir o esquema de publicações para poetas e narradores".

Ao perguntar sobre o princípio do Maestro de "ensinar sem que pareça", esboçado na contra-capa do La Edad de Oro (julho-outubro de 1889), Rodríguez afirmou que isso é básico no bom jornalismo e que Martí o aplicou em toda sua obra jornalística.

"Deu-se conta de que tinha que fazê-lo com este público, porque uma publicação dirigida às crianças não funciona exatamente com os mesmos mecanismos mentais e culturais de um adulto.

"Este é um dos exemplos mais notáveis da eficácia do jornalismo martiano porque La Edad de Oro se converteu em um clássico da literatura infantil, ao ponto das gerações seguintes já não a lerem como uma revista, mas como um livro.

"O bom texto para crianças, de alguma maneira tem que envolver o adulto e se o consegue, é uma mostra mais de sua capacidade, qualidade e eficácia do ponto de vista literário".

A Pátria (março 1892- maio 1895), o estudioso qualificou como um semanário de opinião, de luta política, de combate.

"Foi um jornal para formar consciências e com uma claríssima e orientada função ideológica, portanto, aí estava o artigo de fundo ou o editorial junto com a nota informativa em função do problema central que justificava a Pátria: a independência de Cuba".

Com respeito à seção En Casa, publicada na Pátria, manifestou que era típico nova-iorquino, combinava o social e o patriótico: "É a crônica social do patriotismo dos emigrados de Nova York e de outras partes dos Estados Unidos".

Essa coluna encaixava perfeitamente com os propósitos gerais independentistas da publicação e ao mesmo tempo mostrava a riqueza daquele editor, diretor que foi Martí, opinou.

Sabia que era imprescindível, sustentou, captar a atenção dos leitores com o artigo de fundo ou o trabalho analítico, e também com a crônica da vida social da emigração, que incluía o trabalho dos Clubes membros do Partido Revolucionário Cubano.

Em sua opinião, no poeta, o literário era essencial: "Não é possível separar o jornalístico do literário nele".

"Era evidente naquele jornalista a renovação literária na linguagem, na expressão, nas ideias, no manejo das metáforas. Suas capacidades narrativas e descritivas se dão através deste exercício do jornalismo, essa é sua literatura".

Como mostra desse jornalismo literário, usou como exemplo a seção En Casa: "Eram pequenos relatos da vida real dessa emigração patriótica, mas que Martí manejava com uma eficácia tremenda a narração. Então: quanto tinha de verdade e de fictício? Até onde entrava a capacidade recreativa da ficção?"

"Com En Casa se propôs convencer o leitor da necessidade da independência de Cuba e do papel de Cuba independente pela via dos sentimentos, os ânimos e a paixão. Apelou ao subjetivo junto ao intelectual e ao racional", sintetizou o também jornalista Pedro Pablo, que confessou que teria gostado de escrever uma seção como aquela.

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*Versão feita pelo correspondente da Prensa Latina na Guatemala de entrevista realizada a Pedro Pablo Rodríguez no dia 14 de abril de 2009 para sua tese de mestrado "América Latina para os latino-americanos. Aproximação à construção da notícia nas publicações dirigidas por José Martí (1881-1895)".

*Correspondente da Prensa Latina na Guatemala

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