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domingo, 17 de junho de 2012

Síria: as verdades que a mídia esconde




Angie Todd

SÍRIA é o coração do Oriente Médio, no sentido geoestratégico e nacionalista. Partilha suas fronteiras com o Iraque, O Líbano, Israel, Turquia e Irã, com o qual tem uma aliança forte, reafirmada recentemente pelo presidente Mahmud Ahmadinejad, no contexto da agressão acentuada da Europa e dos Estados Unidos, quando enfatizou que seu país no permitirá nenhuma interferência estrangeira ali.

Síria sempre foi um aliado firme da Palestina, com mais de 472 mil refugiados dessa nação, e perdeu seu território das colinas do Golã, ocupadas por Israel durante sua guerra de expansão de 1967, que ainda reclama.

A Constituição síria de 1973 define oficialmente o país como um estado socialista secular, com o Islã reconhecido como sua religião majoritária. Desde então, conseguiu manter um estado de diferentes credos, incluindo cristãos coptas, judeus e outras denominações muçulmãs, com um desenvolvimento econômico e social contínuo, apesar das sanções impostas pelos Estados Unidos, nos últimos anos dos setenta, quando a Síria foi qualificada como um país patrocinador do terrorismo.

Sua posição geoestratégica colocou a Síria na mira dos EUA e de seus aliados europeus com dois objetivos: primeiro, para enfraquecer a resistência a Israel e isolar o Irã e; segundo, para promover sua batalha pelo controle do Oriente Médio e o petróleo da região.

A faísca da violência em Síria, em março, tal como o caso da Líbia, não foi nem espontânea nem essencialmente nacionalista em seu conteúdo, mas sim facilitou que os Estados Unidos aproveitassem os ventos que sopram na região para utilizá-los em seu objetivo de substituir o governo sírio por um mais dócil a seus requerimentos.

Embora exista uma oposição genuína na Síria, desde o começo, o conflito civil no país foi alimentado por forças exteriores. Inicialmente, todos os confrontos armados tiveram como palco cidades cerca de suas fronteiras, em uma réplica do acontecido em Bengazi, na Líbia. Não é nenhuma surpresa que haja muito poucas informações na Internet em relação com esta infiltração de forças de elite, precisamente com a intenção de desestabilizar o país. Mas, em termos gerais, a oposição está muito fragmentada, carece de um programa popular e de uma ideologia coerente, e tem como líder um sírio previamente exilado na França.

No contexto deste conflito nacional, Síria empreendeu uma política de consulta popular, dirigida a implementar reformas constitucionais, para efetuar eleições parlamentares, em fevereiro de 2012 — com as eleições presidenciais programadas para 2014— junto com as reformas sociais e as negociações para uma solução pacífica, enquanto insiste em resolver, de forma soberana, os problemas nacionais. Em novembro, apresentou uma queixa formal contra os Estados Unidos, por sua intervenção em seus assuntos internos.

Tal como no caso da Líbia, a mídia corporativa desempenhou um papel premeditado, particularmente logo após o início do surto de violência armada em Síria. Inicialmente, de forma deliberada, apresentaram como detenções de civis a apreensão de pessoas envolvidas em atos de violência contra o estado e, com a evolução da situação, a eliminação de grupos terroristas por parte das forças armadas sírias, ou das mesmas forças, como se fossem simples civis.

Depois do fim dos acontecimentos na Líbia, esta campanha de desinformação acirrou, refletindo a intoxicação dos poderes neocoloniais dentro da OTAN e dos Estados Unidos, ao terem submetido as Nações Unidas a sua vontade de destruir aquele país, sem ter que envolver suas forças no campo, e antecipando a extensão deste novo modelo de guerra "bem-sucedida" à Síria.

Fizeram ouvidos moucos das crescentes manifestações, em massa, de apoio ao governo da Síria, em Damasco e outras grandes cidades. As notícias recentes da morte de milhares de pessoas, aceitas sem indagar sua veracidade por parte das Nações Unidas e Anistia Internacional, foram extremamente exageradas e, inclusive, baseadas nada mais que numa sondagem telefônica sobre supostos assassinatos de cidadãos sírios que, realmente, estão plenamente vivos. Os protestos contra a intervenção da Liga Árabe, nos fins de novembro, resultaram em uma erupção de apoio popular, com passeatas de mais de 1,6 milhão de cidadãos. Acerca desses fatos houve um silêncio total.

Após o desastre exemplificador da Líbia, o apoio da Rússia, China e outros países emergentes a uma pacífica solução regional do conflito sírio impediu uma intervenção militar, mas a ONU impôs sanções fortes e mobilizou a Liga Árabe, com sua maioria dócil, para promover e legitimar uma intervenção imperialista, aos olhos da opinião pública internacional.

Em 7 de dezembro, o presidente Bashar al-Assad concedeu uma entrevista a Barbara Walters, do canal estadunidense ABC, cujo tom hostil foi, claramente, parte de um exercício de propaganda. Numa dada altura do programa, que foi transmitido em inglês, Walters perguntou: "Qual o senhor acha que foi o maior conceito errado que meu país tem acerca do que está acontecendo aqui, se verdadeiramente há um conceito errado?"

A resposta perspicaz do presidente al-Assad foi: "Um conceito errado de muita coisa… há inúmeros fatos distorcidos, estão na mídia. Porém, o mais importante, como o acúmulo destes fatos, é que não têm visão. O problema dos poderes ocidentais em geral, especialmente os Estados Unidos, é que carecem de uma visão — pelo menos de minha região, não vou falar do resto do mundo —, e pifaram no Iraque, no Afeganistão, na luta contra o terrorismo".

Fonte: granma.cu
 

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